De Mino Carta para Dilma Rousseff

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O editor de “Carta Capital”, Mino Carta, se continuar destilando o seu cubismo de encontro ao terceiro quadriênio petista, não tardará a ser carimbado pelos messiânicos como o mais novo membro do “PIG”, o tal “Partindo da Imprensa Golpista”, do qual fazem parte todos os que ousam criticar a descida do petismo, através de Lula, ao mundo, para salva-lo.
Esta semana, ao rumo da presidente Dilma, Carta antes soprou e depois bateu: “tanto o Caso Palocci quanto o do Ministério dos Transportes, recém-eclodido, não mancham a presidenta porque em ambos ela é, de certa forma, a parte ofendida. A boa-fé de Dilma é indiscutível. Resta o fato de que este governo faz água. Carta Capital vive o momento sem maiores surpresas: desde a posse não lhe reconhece a indispensável solidez.”.
No PT ele bate sem assoprar: “Assim se porta hoje o PT, completamente esquecido dos trabalhadores a bem da aplicação febril a favor dos seus próprios interesses, ou melhor, dos interesses dos graúdos do partido e dos petistas habilitados a chantagear os graúdos.”.
Em seguida dá um cascudo no anacrônico Nelson Jobim, ministro imposto por Lula, a Dilma: “Jobim é a versão fardada e oblíqua de Cassandra.”.
Não poupa o ministro da Justiça, José Cardozo: “o que desperta as dúvidas maiores de Carta Capital é sua relação com Daniel Dantas, um dos senhores credenciados a cometer estripulias impunes no País, enquanto é condenado por cortes estrangeiras. Sempre vale recordar que Cardozo, ainda deputado petista, foi promotor de um jantar do banqueiro orelhudo na casa de Heráclito Fortes destinado ao encontro entre Dantas e o então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, bem como o acompanhou à Itália na tentativa, malograda, de enfrentar em campo alheio a Telecom italiana.”.
Do jantar eu sabia, mas, desconhecia que Cardozo acompanhou Dantas à Itália no caso Telecom: Roberto Jefferson, ao contar o episódio, referiu-se a José Dirceu como membro da embaixada.
Ao final Carta debulha o que queria dizer: “E me ocorre de súbito a carta de Dilma a Fernando Henrique octogenário. No meu entendimento, obra-prima de ironia, e esta não é crítica subdolosa, e sim inspirada por uma análise sem paixão. Não há naquelas linhas uma única em que Dilma acredite.”.
Na verdade, Carta tateou todo o texto para perorar-lhe o núcleo, que é, sim, uma crítica subdolosa da insatisfação com o afago da presidente a FHC: ele, como todos os que enquizilam com o tucano, não digeriu o gesto de Dilma e o alvoroço que a imprensa fez com a carta, tornando-a o mais efetivo presente de aniversário ao “octogenário”.
 
Clique aqui e leia o texto de Mino Carta.

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