AGRADECIMENTO

Todos os fins de ano fazemos planos para o ano do porvir.

No final de 2012 tracei minhas metas para 2013. Determinei-me a concluir o Curso de Direito (TCC), passar na OAB e no Mestrado do Instituto de Ciências Jurídicas da UFPa, um dos principais programas de pós-graduação do Brasil com conceito 5 na CAPES (de 0 a 6).

Produzi o Trabalho de Conclusão de Curso ainda no início do ano para ficar mais liberado para a prova da OAB e a seleção do Mestrado. Em Junho fui aprovado na OAB e em novembro no Mestrado.

Como se pode perceber 2013, para mim, foi um ano fantástico, pois é sempre bom cumprirmos as metas que nos impomos.

É óbvio que conquistas assim não se consegue sozinho, tive muita ajuda, muito incentivo, foram vitórias construídas a muitas mãos.

De todas essas conquistas a mais importante foi a aprovação do Mestrado, um sonho que eu tinha já a muito tempo e pude realizá-lo agora. Como diz o meu amigo e filósofo izabelense Pedro Eduardo, minha aprovação no Mestrado não foi uma vitória só minha, foi uma vitória da nossa geração AESIP, dos filhos de funcionários públicos que acreditaram na educação como meio de transformação pessoal e social, corroboro completamente com esta opinião do Eduardo. Para a nossa geração nada foi muito fácil, não por outro motivo que só consigo chegar ao Mestrado com 36 anos, e só terminarei o Doutorado com mais de 40.

Agradeço a todos que me ajudaram nesta caminhada vitoriosa que foi 2013, um dos anos mais importantes de minha vida, um ano que eu nunca esquecerei.

Agradeço a Sheila Marques, ao Rudá Marques e ao Teo Marques por serem aqueles por quem eu faço girar a roda do mundo.

Agradeço aos meus pais que me deram a régua e o compasso para ser vitorioso.

Agradeço aos meus sogros pelo alicerce que me dão para ter tranquilidade para seguir sempre em frente.

Agradeço aos meus professores Davi Silva, Jonismar Barbosa e Daiane Santos pelo incentivo, motivação, preocupação, dedicação e orientação.

Agradeço a todos os amigos que torceram por mim em cada batalha que travei ao longo desta ano.

Observo que isso é só o começo, ainda tenho muitos objetivos a alcançar: quero ser professor universitário do curso de Direito, quero o Doutorado, quero a magistratura ou a promotoria (ainda não me decidi). Os anos que virão serão testemunhas destas novas realizações, minha história recomeça agora: Termina a história do Bruno Marques homo literatus e começa a do Bruno Marques homojuridicus. Adianto-lhes entretanto que uma história não anula a outra, elas se complementam, elas enriquecem a minha experiência humana nesta vida.

Valeu!

Um grande abraço a todos!


HÁ ALGO DE PODRE NO REINO DA ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO (OUT-2013)

O ensino de Língua Portuguesa parou no tempo, não só no ensino público, como muitos logo associariam a tal afirmativa, entrementes na sua completude (claro que devem existir ilhas de exceção como em toda boa regra). Como podemos afirmar isso? Que elementos dão suporte à tão contundente afirmação?
Como resposta aos questionamentos, digo apenas que não sei, pois busco ser como um filósofo antigo que existiu, analfabeto, não sabia ler nem escrever, mas sabia questionar como ninguém, e com seus questionamentos destruir e criar verdades. Não viso aqui o vigor do método científico para essa explicação, viso apenas à reflexão de todos os interessados.
Alguns dados podem nos dar provas do que afirmo (não científicas).
Se a escola brasileira ainda ensina como conceito de substantivo que “substantivo é a palavra que dá nome aos seres”, como esperar que a criança brasileira saiba o que é um substantivo?
 Esse exemplo simples nos mostra o quanto o ensino da gramática ainda está preso a suas origens clássicas, mais precisamente na Grécia. Como os primeiros a pensá-la eram filósofos, em seus conceitos predominavam explicações de cunho semântico, esses conceitos geravam e geram questões filosóficas, não certezas lingüísticas.
Por exemplo: no sintagma “o nada” a palavra “nada” é sem dúvida um substantivo, no entanto não é um ser, é antes um não ser, uma ausência do ser, apesar de que alguns defendam que o “nada” seja um ser. Perceba, a questão deixou de ser do escopo do estudo de língua, da Linguística e passou a ser do escopo da Filosofia.
Na minha ignorância, percebo que até hoje no Brasil se ensina gramática assim, como os gregos a inventaram. Nessa forma de ensinar, há predominância do uso da semântica, ou seja, os conceitos das classes de palavras se baseiam no significado das palavras para expor a base conceitual. O critério semântico é bom, no entanto é muito perigoso e traiçoeiro, nos leva facilmente ao erro, é um digno canto da sereia.
De outra forma o ensino das classes de palavras seria mais denso se em detrimento do critério semântico fossem utilizados o critério morfossintático, em que as classes gramaticais são conceituadas a partir da função que as palavras exercem na estrutura da sentença.
Aprender classes gramaticais desta forma ajuda a ler, interpreta e, escrever melhor.
Compreender que cada palavra na organização textual desempenha uma função pragmático-comunicativa transforma o estudante em cidadão, por que dá a ele as bases intelectivas e cognitivas para ser um pensador autônomo capaz de interferir na realidade de sua comunidade.



JORNAL DESTAK- SETEMBRO 2013

O POLÍTICO, O PUXA SACO E O BOBO DA CORTE
Política, em seu sentido partidário, é algo apaixonante, só quem já se envolveu em campanha política sabe o quanto as emoções se afloram em um processo eleitoral em especial o municipal, por envolver mais diretamente a vida das pessoas. De um processo eleitoral municipal depende o emprego de muita gente, por exemplo.
Durante os três meses de campanha muito se diz, desafetos são criados, irmão estranha irmão, amizades são rompidas, até amores são perdidos.
Alguns podem dizer que isso denota o lado egoístico da política, mesmo o lado mesquinho em alguns casos, o que de fato é em muitos casos. Entrementes, observo que isso é normal por um simples motivo: Envolve paixões.
Já vi muita gente se estranhar por time de futebol, por religião, por mulher (por homem) e, como não poderia deixar de ser, por política. O que tudo isso tem em comum? Nada menos que paixão. Política é paixão, e como na paixão não existe razão, animosidades são afloradas.
 Entender a política como paixão, não como razão, ajuda-nos a compreender o que difere o político do puxa saco.
O político é aquele que durante o processo eleitoral até pode se deixar levar pelas emoções e criar desafetos políticos, porém, após o processo eleitoral, é capaz de racionalizar o processo e tirar conclusões racionais, como por exemplo: a) quem de fato foi importante para o processo eleitoral em seu favor , quem foi importante contra; b) quem dos que foram a favor devem ser agraciados, quem dos que foram contra devem ser cooptados; c) quem dos que foram a favor são importantes para o processo eleitoral futuro, quem dos que foram contra são importantes ter ao lado e etc.
Passado o processo eleitoral, o político verdadeiro é capaz de racionalizá-lo e já projetar o tabuleiro para o processo eleitoral futuro, principalmente o político que sai vitorioso da eleição. Esse, sobre tudo, não tem razão de alimentar rancores, pelo simples princípio de que em política não se pode alimentar animosidades, porque o adversário de hoje é o aliado de amanhã e vice versa.
Temos exemplos bem paradigmáticos disso que digo tanto em nível municipal quanto estadual. Em nível estadual quem jamais pensaria que Almir Gabriel apoiaria o PT para governo do Estado em detrimento do Jatene?
Em nível municipal temos dois bons exemplos. Primeiro a união de Gilberto e Cadinho. Foram antinômicos em duas eleições e se juntaram na terceira para poder vencer a situação. Outro exemplo foi a união do PT com o PSDB, rivais históricos unidos em torno de uma contingência política (quem poderia imaginar nisso?).
O político verdadeiro compreende que passado o processo eleitoral, já se inicia outro que perdura por quatro anos. Alguns pseudo-políticos pensam que eleição é só durante os três meses de campanha. Não se pode confundir processo eleitoral com processo político.
O político verdadeiro compreende política como processo dinâmico e contínuo, compreende que a cooptação de aliados deve ser constante, em virtude disso passado o processo eleitoral, ele busca aproximação com todos os setores políticos tanto de oposição quanto os de situação, em especial da oposição que é de onde se pode extrair aliados mais inusitados e que possam compensar as perdas que sempre se registram de um processo eleitoral para outro.
Claro que nem todo político pensa desta forma, só os mais inteligentes conseguem ter esta perspicácia de trazer para seu lado quem era contra. Isso é coisa para um Lula, um Jader Barbalho, um Jatene...
O puxa saco é aquele que participa do processo eleitoral apoiando um político qualquer, em especial o que tem mais chance de ganhar, com o fito propósito de tirar alguma vantagem do político que chega ao poder, de preferência.
O puxa saco é aquele que durante o processo eleitoral faz inimizades em defesa do nome de seu político. Desconhece amigos, antipatiza irmão, se expõe ao ridículo.
O puxa saco pode ser melhor caracterizado no momento posterior a eleição. Diferente do político inteligente, o puxa saco alimenta animosidades, busca perseguir os adversários acreditando que assim estará sendo ainda mais fiel ao seu político, que estará prestando um serviço importante ao seu político e assim garantindo ainda mais seu emprego, seu cargo de confiança.
Diferente do político inteligente, o puxa saco não quer aproximação com os adversários, quer distância, porque afinal a aproximação de terceiros pode ameaçar seu status quo, seu emprego pelo qual tanto brigou, muita vez literalmente.
O puxa saco precisa criar espantalhos para ratificar sua fidelidade, ratificar subserviência ao político que nestes casos assume status de príncipe.
O político congrega sempre; o puxa saco tem por finalidade desagregar, não só adversários inclusive aliados eleitorais. O puxa saco só quer garantir seu espaço, para isso faz qualquer coisa: Arrefece senso crítico, fala mais baixo, anula-se como ser pensante.
O leitor desta coluna deve estar se perguntando: E o bobo da corte?
Ah! O bobo da corte é aquele que se enrola na bandeira da hipocrisia, e não se contém em anular seu senso crítico, ao contrário, defende o político de forma sine qua non. Não importa o que o político faça, se ele frauda licitação, se sucateia o serviço de saúde, faz pouco caso da educação, da segurança pública...
O bobo da corte é aquele que se expõe sem pensar no dia de amanhã, só pensa em ser subserviente ao seu político e garantir seu ganha pão momentâneo, o resto é oposição.
Enquanto o puxa saco perde amigos, o bobo da corte perde credibilidade.

Um grande abraço a todos, em especial àqueles que não perdem sua capacidade de pensar!

JORNAL DESTAK- JUNHO 2013

“O GIGANTE ACORDOU”
Nas últimas semanas, o Brasil foi sacudido de Norte a Sul por manifestações populares que reivindicavam melhores condições de vida para o povo brasileiro. Foram protestos como nunca se viu antes na história deste país, algo sem precedente, capaz de abalar as estruturas do poder  político da nação.
Escrevo este texto a fim de mostrar as causas e as conseqüências destes protestos sob o meu ponto de vista. Antes de iniciar, advirto ser este é um fenômeno social complexo e, por isso, ainda demorará algum tempo para nós o compreendermos completamente, principalmente suas consequências.
Para falar sobre as causas dos protestos, permito-me fazer uma metáfora para melhor explicar meu ponto de vista.
Imagine, caro(a) leitor(a), uma panela com água sobre uma forte chama, após algum tempo exposto ao fogo a água começará a ferver, algumas bolhas da água em ebulição começarão a subir do fundo da panela.
Em geral as pessoas quando pretendem explicar o porquê dos protestos, só conseguem perceber as causas superficiais, ou seja, as bolhas de água ebulindo do fundo da panela, assim, é comum ouvir que os protestos são por causa do aumento da passagem, ou por causa da corrupção, ou por causa da PEC 37, por causa da saúde, da educação, da segurança... e assim por diante. Basta assistir à grande mídia para ter acesso a essas informações.
O que proponho é uma análise mais profunda, não estou preocupado com a água ebulindo, pois em verdade ela é só conseqüência, não a causa da ebulição, estou preocupado é com a chama, com o fogo que faz a água ferver. É neste sentido que buscarei explicar o motivo dos protestos, qual a substância das manifestações? Qual a sua causa profunda?
Inicialmente faço o seguinte questionamento: No Brasil sempre houve corrupção dos políticos, sempre houve descaso com a saúde, com a educação, com a segurança... porque só agora o povo decidiu dar um basta nisso tudo?
A explicação para este questionamento, no meu entender, aponta para a causa profunda dos protestos históricos havidos em nosso país nos últimos dias.
O que há de diferente hoje é fruto da revolução técnico-científico-informacional, assim como a revolução industrial criou novos paradigmas sociais que levou à radical transformação da sociedade por meio das revoluções burguesas, a revolução informacional está dando mostras de sua capacidade para transformar as sociedades.
É importante compreendermos que este não é um fenômeno brasileiro, é mundial, foi por meio das redes sociais que iniciou-se a primavera árabe, as revoltas contra as eleições no Irã, os protestos contra os governos e o desemprego na Europa...
A internet permite às pessoas se reunirem sem sair de casa, assim é possível promover manifestos fazendo um simples convite pelas redes sociais. Todas as revoluções sociais havidas até então necessitaram de uma entidade que as encabeçasse para que tivesse início. As revoluções burguesas foram organizadas dentro da Maçonaria, as revoluções socialistas dentro dos sindicatos e dos partidos dos trabalhadores, hoje não há mais necessidade de combinar uma ação em um espaço físico determinado, o meio virtual é suficiente, por esta razão é difícil identificar um líder das manifestações, porque elas são espontâneas, diferente das Diretas Já, por exemplo, em que facilmente se identificavam as lideranças como Ulisses Guimarães, Brizola entre outros.
A revolução técnico científico informacional dinamitou o monopólio dos meios de comunicação ligados a uma corrente ideológica dominante, hoje as pessoas têm acesso direto à informação sem necessitar do filtro da Globo, da Record, da Band... Não por outro motivo, todos os meios de comunicação foram hostilizados nas manifestações. Estes meios de comunicação perceberam seu descrédito por isso mudaram seu enfoque sobre as manifestações, no início eram contra os protestos, mas, à medida que o movimento foi se avolumando e ganhando o país, mudaram de posicionamento e passaram a ser a favor.
A revolução informacional não é a única causa dos protestos, como eu já disse, este é um fenômeno social complexo, portanto suas causas são igualmente complexas.
Outro fator importante para os protestos foi a chegada da esquerda ao poder com o PT. Durante uma geração nós saíamos às ruas para protestar contra a direita, atribuíamos todos os problemas sociais do país à forma como a direita governava, por isso, naquele tempo, em qualquer manifestação, em qualquer lugar do país se via bandeiras do PT, de certa forma o PT canalizou o desejo de mudança da sociedade brasileira a qual acreditou que a esquerda no poder melhoraria a educação, a saúde, a segurança, o transporte público, acabaria coma a corrupção, a sociedade acreditou porque essas eram as bandeiras de luta do partido, entrementes, agora, 10 anos depois de o PT chegar ao poder nada foi resolvido, a saúde continua precária bem como a educação e a segurança, assim como a corrupção continua descontrolada, ou seja, as promessas não foram cumpridas. Não é por outro motivo serem os protestos apartidários, na verdade os protestos são também contra os partidos, todos os partidos, a sociedade não acredita mais nem na esquerda nem na direita, os partidos políticos foram incapazes de solucionar os problemas sociais do país, caíram em total descrédito diante da população, uma vez não confiando mais nos partidos como instrumento de mudança, o povo decidiu, ele mesmo, promover as mudanças sociais prometidas e não cumpridas.
Há também de se observar como causa profunda dos protestos o maior esclarecimento da população, principalmente da classe C que foi a classe a sair às ruas para protestar. Programas como PROUNI e SISU, bem como o aumento da rede particular de universidades absorveu uma boa camada da população em especial da classe C que é a classe mais explorada pelo Estado, paga mais impostos e tem menos benefícios do governo, não vê seus impostos voltarem em forma de serviços como saúde e educação gratuita e de qualidade, transporte público digno, é esta classe que saiu às ruas para pedir por melhoria nos serviços públicos, porque é ela que mais financia e que tem menos retorno. Hoje, com maior nível de escolaridade, a classe C tem plena consciência dos impostos que paga sem que haja o retorno devido, por isso cobra.
Pode-se acrescentar a estes três fatores que apresentei mais algum, todavia creio serem estes os principais. Por isso, só agora o povo se insurge contra o país que temos, a classe C mais esclarecida esperou que o PT fosse promover mudanças profundas na sociedade, não o fez, as redes sociais serviram de meio para canalizar as diversas insatisfações para um mesmo objetivo comum, potencializou as insatisfações individuas de cada brasileiro consciente de que algo deveria ser feito.
Para finalizar esta análise atrevo-me a indicar algumas conseqüências dos protestos.
1º: A grande mídia deve se reformular em face deste novo tipo de atuação cívica social, não dá para fazer mais como antes em que a mídia de direita boicotava as manifestações da esquerda, hoje os manifestos não são nem de esquerda nem de direita, são do povo, ser contra os manifestos é ser contra o povo, ninguém quer ficar contra o povo, principalmente os meios de comunicação.
2º: A classe política deve ficar mais atenta aos anseios sociais e às redes sociais que demonstraram sua força e entram de vez no cenário político brasileiro, o político que não tiver sensibilidade para perceber isso será ultrapassado pela história.
3º: A educação e a saúde devem se tornar pauta principal nas eleições do próximo ano, desta vez de verdade, não só como discurso político, mas como projeto de governo.
4º: O povo brasileiro ficará mais atento aos políticos que de fato se preocupam com os serviços públicos essenciais e deve passar a rejeitar a política do pão e circo que vigorou no nosso país até hoje.
5º: O povo aprendeu a se mobilizar, não será difícil promover novas manifestações tais quais as que vimos em um novo escândalo político como o do mensalão, o povo brasileiro não engolirá mais falta graves dos governantes. Até agora nenhum político caiu, mas isso pode acontecer, por esta razão os políticos devem ficar mais preocupados com os seus malfeitos.
Deveremos perceber outras conseqüências com o passar dos anos, afinal os protestos não terminam aqui eles devem continuar no futuro.
Quero terminar este texto expressando meu orgulho pelo povo brasileiro, e confesso nunca ter pensado que um dia eu veria o povo do meu país lutando desta forma por um país melhor, falo isso com os calos de quem sempre foi para rua lutar por direitos.
A geração anterior a minha redemocratizou o país, minha geração levou o PT ao poder, esta nova geração vai transformar o país mais profundamente, cada geração cumpre sua função histórica, e é importante que cumpra.
O povo unido de fato não é vencido, é sempre vencedor.
Parabéns ao povo brasileiro, parabéns a todos nós!




JORNAL DESTAK- AGOSTO DE 2013

(DES) ORDENAMENTO URBANO
Com o desenvolvimento e crescimento das cidades elas vão se transformando, isso é um fato, as cidades não mantêm suas características originais porque a sociedade é dinâmica e à medida que vai se modificando, esta modificação imprime marcas na paisagem urbana. Não é por outro motivo que cidades com patrimônio histórico precisam ser tombadas, para que não percam sua originalidade.
O fato de as cidades irem alterando sua paisagem não significa que esta mudança é para melhor, em verdade, quase sempre é para pior: igarapés são poluídos ou soterrados, patrimônio histórico é perdido, áreas de vegetação vão se acabando. Em vista disso o legislador pátrio criou o Estatuto das Cidades que objetiva regular o desenvolvimento e crescimento urbano sem que isto implique na precarização da qualidade de vida das pessoas. Hoje se tem plena consciência de que a organização urbana das cidades deve promover bem estar aos munícipes.
O principal instrumento para a organização urbana é o Plano Diretor, obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes. A função do Plano é ordenar o território do município estabelecendo, por exemplo, áreas para indústria e áreas habitacionais para que não surjam problemas como os que existem quando uma indústria está instalada em um bairro populacional evitando assim problemas sociais.
Observo com muita preocupação um grave problema no ordenamento urbano de nossa cidade que é fruto da leniência do poder público que não assume seu papel de ordenador do espaço público.
Em muitos bairros da cidade, em quase todos, é possível perceber que os cidadãos estão avançando seus terrenos e casas sobre as ruas de forma a não deixar espaço para acostamento, calçadas que permitam o trânsito de pedestres. Isso se torna mais grave porque em virtude do crescimento do país e da indústria automotiva nossa cidade tem mais carros, como nunca antes.
É comum passarmos pelas ruas e vermos carros estacionados sobre a rua, fechando uma faixa toda, por não ter espaço para isso na frente das casas, basta dar uma volta no bairro Nova Brasília para presenciar isso.
A falta de consciência dos cidadãos e a leniência do poder público criam um ciclo vicioso que há anos vem desorganizando os alinhamentos das ruas de Santa Izabel. O cidadão avança seu muro, sua casa sobre o acostamento das ruas e o poder público não toma providências, e como o poder público não toma providências, outros cidadãos vão avançando também se sentindo à vontade para isso uma vez que não haverá qualquer punição por esta atitude individualista. O resultado deste ciclo vicioso está nas ruas de nossa cidade.
Compreendo que não seja um problema fácil de resolver, principalmente porque esta prática de tomar conta de frações do espaço público está disseminada pela cidade, entrementes, quanto mais tempo vai passando sem que providências sejam tomadas mais o problema se agrava.
Uma atitude precisa ser tomada já, se não para reversão do quadro atual, pelo menos para sua contenção, ou seja, não se permitir que novas apropriações indevidas do espaço urbano público aconteçam.
O que torna difícil a tomada de uma providência em relação a este problema é o fator político, reverter o quadro atual do problema implicaria em desgaste para o gestor municipal, pois ele deveria tomar a atitude impopular de solicitar a destruição de muros, salas, pátios, além do problema de eventuais indenizações. Por isso nunca foi feito, por isso as gestões foram e são lenientes com o problema.
Inobstante a estes desgastes eventuais que o poder público teria, creio que a maior parte da população prefere uma cidade bem ordenada que uma cidade onde não exista calçada para os pedestres transitarem.
Um grande abraço a todos e felicidades sempre!




JORNAL DESTAK- JULHO DE 2013

PROGRAMA MIX CULTURAL
Todos os domingos de 9:00 às 12:00, na Rádio Aquarius, há a apresentação do programa Mix Cultural  feita pelo professor e filósofo Pedro Eduardo. È um programa que começou com uma hora de apresentação, de 9:00 às 10:00, mas foi ganhando espaço no gosto do público e hoje estende-se por quase toda a manhã dos domingos.
Escrevo sobre este programa de rádio este mês, não por ele em si, mas pelo motivo de seu grande sucesso.
O segredo do sucesso do professor e radialista Pedro Eduardo é o resgate de nossa izabelensinidade por meio de um humor que busca no populesco izabelense sua inspiração e graça.
A perspicácia do radialista em compreender sua comunidade, permite-lhe extrair dela suas características cômicas apropriando-se assim de um saber local e expondo este saber aos seus ouvintes que por serem em sua maioria izabelenses reconhecem as características de nossa gente, de nossa cultura, aquilo que nos faz izabelenses e nos diferencia de outras comunidades.
Segundo observação do professor Pedro Eduardo a vaia do izabelense é diferente de todas as vaias do mundo, nós izabelenses temos uma vaia que é só nossa, e é verdade senão vejamos. Em todos os cantos a vaia é entoada com um som vocálico velar, arredondado; em Santa Izabel a vaia tem som vocálico palatal, não-arredondado. Na prática fica assim:
·         No resto do mundo: UUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!
·         Em Santa Izabel: IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!
De acordo com o Eduardo, a vaia izabelense possui um complemento necessário, após a sequência dos sons vocálicos palatais, não-arredondados há a obrigatoriedade de se dizer a expressão “imuuuuundo”, logo a vaia do izabelense é assim em sua plenitude:
·         IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII imuuuuundo!!!!
Para continuar exemplificando este aspecto cômico izabelense explorado com perfeição pelo Eduardo em seu programa, vale falar sobre os tipos de bucho. Conforme o Eduardo expõe em seu programa o izabelense identifica vários tipos de bucho a saber:
·         Bucho de égua: é um bucho grande e duro.
·         Bucho de lama: é um bucho grande e mole.
·         Bucho de gó: é um bucho pequeno e duro, é um estágio anterior ao bucho de égua.
·         Bucho de nós todos: é um bucho enorme.
·         Bucho de lamprea... E  por aí vai.

Além de resgatar estas gozações típicas de nosso povo, o programa Mix Cultural se diferencia por quebrar esteriótipos e preconceitos. É o único programa do mundo que faz promoção cujo prêmio pode ser 1 litro de açaí, 1 Kg de farinha, 10 uxis... Enquanto isso muitos outros programas correm atrás de patrocinador para premiara seus ouvintes com celular, tablet...

Já tive a oportunidade de ser entrevistado duas vezes no programa, uma ainda no início quando estava começando, e outra mês passado. Pude perceber in lócus o quanto o programa cresceu e se popularizou, durante a programação o telefone da rádio não para de tocar, são ligações de todos os bairros da cidade.

O programa Mix Cultural fala sobre nossa cidade para os izabelenses que adoram saber sobre Santa Izabel.

O programa do professor Pedro Eduardo é um esteio importante de nossa izabelensinidade, afinal, à medida que vamos fazendo parte da região metropolitana de Belém é natural perdemos nossa identidade, para compreender isso basta observar Ananindeua e Marituba, qual a identidade destas cidades, qual a identidade cultural do povo destas cidades se não ser apenas a extensão de Belém.

Parabenizo a todos que fazem o programa Mix Cultural: Muhamede, Magal e especialmente o seu idealizador o professor e amigo Pedro Eduardo a quem tanto admiro.


Um grande abraço e felicidade a todos!

JORNAL DESTAK- FEVEREIRO 2013


NADA DO GOVERNO, TUDO PELO GOVERNO
Estava eu certo sábado assistindo ao jogo Flamengo e Volta Redonda pelo primeiro turno do Cariocão em janeiro ainda, concentrado na partida acompanhei uma jogada do Leo Moura pela direita do ataque rubro-negro, entrementes, antes da conclusão do lance, dispersei minha atenção da jogada e fixei meus olhos em uma grande faixa estendida no alambrado do estádio, estava escrito nela: NADA DO FLAMENGO, TUDO PELO FLAMENGO.
 A partir deste momento perdi-me um pouco da partida e passei a divagar sobre a política- pensamento em mim sempre recorrente. Lembrei-me que dias antes, um conhecido que encontrei na rua contou-me o quanto estava desiludido com o governo do Dr. Gilberto, disse-me ele:
- Apesar dos poucos dias de governo já estamos decepcionados!
Procurei entender o porquê da tão eloqüente afirmação, afinal, mesmo agora, ainda não é possível fazer uma avaliação consistente do governo do Dr. está só no início, ainda não tem nem 100 dias que é quando se faz uma primeira avaliação de todo governo neófito. Mais ainda interessei-me pela prosa, porque o conhecido havia trabalhado na campanha do Dr.
No desenrolar da conversa descobri que a decepção era porque, o meu conhecido, ainda não tinha conseguido uma vaga na prefeitura mesmo tendo trabalhado de “graça” para o Dr. na campanha. Como dizem: O de “graça” às vezes sai caro.
Quando vi a frase no alambrado do jogo do Mengão, lembrei-me deste episódio porque penso que o mesmo amor e respeito que temos pelo nosso time de coração, deveríamos ter pelos governantes a quem apoiamos para que cheguem ao poder para nos governar, não devemos apoiar candidatos esperando que eles façam por nós individualmente, somos nós quem devemos fazer por eles e pela nossa cidade (Estado e Nação). Afinal, se eu apoio um candidato de “graça” e quando ele chega ao poder eu cobro dele um emprego, isso significa então que o de “graça”, não foi de “graça”, teve um custo, diferido é certo, mas um custo.
Quando deixamos de apoiar um candidato por acreditar que ele possa nos governar bem, e passamos a apoiá-lo porque esperamos dele qualquer benesse caso ele chegue ao poder, mostramos que de fato não estamos preocupados com nossa cidade, antes com nossa própria vida, com nossa própria individualidade.
Digo isso porque não é só esse conhecido meu que está “decepcionado” com o atual governo, muitos outros correligionários do amarelo também estão chateados porque ainda não pegaram sua “boquinha”. Governo algum é para dar “boquinha” a ninguém, governo é para gerir a cidade com responsabilidade, controlando gastos com pessoal para poder fazer os investimentos necessários que a cidade tanto precisa: asfalto, esgoto. sinalização de trânsito...
 Se a prefeitura ceder à pressão dos correligionários que fizeram a campanha de “graça” para o Dr., não vai conseguir cumprir com as promessas que fizeram o Dr. ganhar a eleição comprometendo assim indubitavelmente a reeleição.
De forma geral os brasileiros vêem o envolvimento com a política como meio de conseguir um emprego ou qualquer outra vantagem do poder, não como meio de melhorar a sociedade.
Os brasileiros, de modo geral, deveriam devotar um pouco do amor que sentem pelos clubes de futebol aos governantes que apóiam e em quem acreditam para votar, assim quem sabe um dia nós veremos uma faixa dizendo: NADA DO GOVERNO, TUDO PELO GOVERNO.
Quando este dia chegar, tenho certeza de que nós teremos uma sociedade melhor, porque todos se sentirão responsáveis por ela. Quando este dia chegar as pessoas não votarão mais por favores, por saco de cimento, por tijolo, por dentadura... por emprego; votarão por consciência do que é melhor para todos, para a coletividade.

Despeço-me aqui. Um grande abraço a todos!

JORNAL DESTAK- 2013

MANGAS, DOCES MANGAS, MANGAS QUE NÃO VOLTAM MAIS
Outro dia, eu estava no primeiro andar do Colégio Antonio Lemos, onde trabalho; olhei pela janela da sala de aula e vi várias mangas pelo o chão umas maduras, outras em decomposição, mangas...mangas...muitas mangas.
No momento em que as vi, tive um insight, tomou-me avassaladoramente lembranças de meu passado, lembranças dos meus 12, 13, 14 anos; tempo em que eu estudava no CEAL, aquelas mangas faziam parte de minha história de estudante.
Àquele tempo, mais cedo que todos os outros moleques, queria eu chegar à escola, queria chegar cedo o bastante para não rivalizar nenhuma manga com qualquer deles, nem sempre eu conseguia, às vezes quando eu chagava, já estava por baixo da mangueira o Korebe, o Pelado, o Kioshi, o Cacá, o Lioca... Para dizer a verdade, quando um dos meninos já estava lá, ficava mais emocionante procurar manga no mato sob a árvore, quando alguém encontrava alguma, era como se fora um gol na final de campeonato, achar uma manga tendo chegado depois dos outros, era motivo para muita gozação e alegria.
Em minha vida de estudante só fui suspenso uma única vez, por causa da manga, chupávamos as mangas antes de iniciar a aula, certa vez sujei meu uniforme e fiquei exalando manga na sala, a professora não gostou...secretaria...suspensão. Fiquei triste por ter sido suspenso, entrementes isso não me fez deixar de ir procurar manga cedo em baixo das mangueiras da escola, mesmo com a proibição de mamãe, só passei a ter mais cuidado com a camisa do uniforme.
Fiquei alguns minutos olhando para aquelas mangas ali no chão, tantas mangas apodrecendo, tantos alunos na escola e nenhum deles foi salvá-las dos microorganismos decompositores que se preparavam para cumprir sua função de eliminar as frutas não aproveitadas...rejeitadas.
Pensei: Quisera eu chegar à escola em meu tempo e vê-las tantas ali a minha espera; naquele tempo muitas vezes eu ficava sem nada.
Hoje os alunos quando chegam à escola não procuram as mangueiras, as jaqueiras, os jambeiros, os pés de carambola, antes procuram a lanchonete, e cedo ainda, antes do início das aulas, pedem uma coca-cola e tomam-na acompanhada por um salgado.
Após essa reflexão, sopesei o quanto a Santa Izabel de hoje não tem mais os encantos da Santa Izabel da minha infância, das ruas sem tantos carros, sem tantos buracos, sem tanto lixo, encantos da cidade que aprendi a amar e na qual sempre quis viver. Naquele tempo ninguém morria atropelado nas ruas de nossa cidade, ninguém era assassinado em praça pública, muito menos era vítima de bala perdida, não se ouvia falar em seqüestro, invasão de domicílio...
Naquele tempo os meninos chupavam manga; hoje, tomam uma coca-cola. Nossa cidade mudou, e com ela mudamos todos nós.
Felicidades a todos e um grande abraço!