Posted by BLOG DO BRUNO MARQUES in on 00:30
O ensino de Língua Portuguesa parou
no tempo, não só no ensino público, como muitos logo associariam a tal
afirmativa, entrementes na sua completude (claro que devem existir ilhas de
exceção como em toda boa regra). Como podemos afirmar isso? Que elementos dão
suporte à tão contundente afirmação?
Como resposta aos questionamentos,
digo apenas que não sei, pois busco ser como um filósofo antigo que existiu,
analfabeto, não sabia ler nem escrever, mas sabia questionar como ninguém, e
com seus questionamentos destruir e criar verdades. Não viso aqui o vigor do
método científico para essa explicação, viso apenas à reflexão de todos os
interessados.
Alguns dados podem nos dar provas
do que afirmo (não científicas).
Se a escola brasileira ainda ensina
como conceito de substantivo que “substantivo é a palavra que dá nome aos
seres”, como esperar que a criança brasileira saiba o que é um substantivo?
Esse exemplo simples nos mostra o quanto o
ensino da gramática ainda está preso a suas origens clássicas, mais precisamente
na Grécia. Como os primeiros a pensá-la eram filósofos, em seus conceitos
predominavam explicações de cunho semântico, esses conceitos geravam e geram
questões filosóficas, não certezas lingüísticas.
Por exemplo: no sintagma “o nada” a
palavra “nada” é sem dúvida um substantivo, no entanto não é um ser, é antes um
não ser, uma ausência do ser, apesar de que alguns defendam que o “nada” seja
um ser. Perceba, a questão deixou de ser do escopo do estudo de língua, da
Linguística e passou a ser do escopo da Filosofia.
Na minha ignorância, percebo que
até hoje no Brasil se ensina gramática assim, como os gregos a inventaram.
Nessa forma de ensinar, há predominância do uso da semântica, ou seja, os
conceitos das classes de palavras se baseiam no significado das palavras para
expor a base conceitual. O critério semântico é bom, no entanto é muito
perigoso e traiçoeiro, nos leva facilmente ao erro, é um digno canto da sereia.
De outra forma o ensino das classes
de palavras seria mais denso se em detrimento do critério semântico fossem
utilizados o critério morfossintático, em que as classes gramaticais são
conceituadas a partir da função que as palavras exercem na estrutura da
sentença.
Aprender classes gramaticais desta
forma ajuda a ler, interpreta e, escrever melhor.
Compreender que cada palavra na
organização textual desempenha uma função pragmático-comunicativa transforma o
estudante em cidadão, por que dá a ele as bases intelectivas e cognitivas para
ser um pensador autônomo capaz de interferir na realidade de sua comunidade.