JORNAL DESTAK- SETEMBRO 2013

O POLÍTICO, O PUXA SACO E O BOBO DA CORTE
Política, em seu sentido partidário, é algo apaixonante, só quem já se envolveu em campanha política sabe o quanto as emoções se afloram em um processo eleitoral em especial o municipal, por envolver mais diretamente a vida das pessoas. De um processo eleitoral municipal depende o emprego de muita gente, por exemplo.
Durante os três meses de campanha muito se diz, desafetos são criados, irmão estranha irmão, amizades são rompidas, até amores são perdidos.
Alguns podem dizer que isso denota o lado egoístico da política, mesmo o lado mesquinho em alguns casos, o que de fato é em muitos casos. Entrementes, observo que isso é normal por um simples motivo: Envolve paixões.
Já vi muita gente se estranhar por time de futebol, por religião, por mulher (por homem) e, como não poderia deixar de ser, por política. O que tudo isso tem em comum? Nada menos que paixão. Política é paixão, e como na paixão não existe razão, animosidades são afloradas.
 Entender a política como paixão, não como razão, ajuda-nos a compreender o que difere o político do puxa saco.
O político é aquele que durante o processo eleitoral até pode se deixar levar pelas emoções e criar desafetos políticos, porém, após o processo eleitoral, é capaz de racionalizar o processo e tirar conclusões racionais, como por exemplo: a) quem de fato foi importante para o processo eleitoral em seu favor , quem foi importante contra; b) quem dos que foram a favor devem ser agraciados, quem dos que foram contra devem ser cooptados; c) quem dos que foram a favor são importantes para o processo eleitoral futuro, quem dos que foram contra são importantes ter ao lado e etc.
Passado o processo eleitoral, o político verdadeiro é capaz de racionalizá-lo e já projetar o tabuleiro para o processo eleitoral futuro, principalmente o político que sai vitorioso da eleição. Esse, sobre tudo, não tem razão de alimentar rancores, pelo simples princípio de que em política não se pode alimentar animosidades, porque o adversário de hoje é o aliado de amanhã e vice versa.
Temos exemplos bem paradigmáticos disso que digo tanto em nível municipal quanto estadual. Em nível estadual quem jamais pensaria que Almir Gabriel apoiaria o PT para governo do Estado em detrimento do Jatene?
Em nível municipal temos dois bons exemplos. Primeiro a união de Gilberto e Cadinho. Foram antinômicos em duas eleições e se juntaram na terceira para poder vencer a situação. Outro exemplo foi a união do PT com o PSDB, rivais históricos unidos em torno de uma contingência política (quem poderia imaginar nisso?).
O político verdadeiro compreende que passado o processo eleitoral, já se inicia outro que perdura por quatro anos. Alguns pseudo-políticos pensam que eleição é só durante os três meses de campanha. Não se pode confundir processo eleitoral com processo político.
O político verdadeiro compreende política como processo dinâmico e contínuo, compreende que a cooptação de aliados deve ser constante, em virtude disso passado o processo eleitoral, ele busca aproximação com todos os setores políticos tanto de oposição quanto os de situação, em especial da oposição que é de onde se pode extrair aliados mais inusitados e que possam compensar as perdas que sempre se registram de um processo eleitoral para outro.
Claro que nem todo político pensa desta forma, só os mais inteligentes conseguem ter esta perspicácia de trazer para seu lado quem era contra. Isso é coisa para um Lula, um Jader Barbalho, um Jatene...
O puxa saco é aquele que participa do processo eleitoral apoiando um político qualquer, em especial o que tem mais chance de ganhar, com o fito propósito de tirar alguma vantagem do político que chega ao poder, de preferência.
O puxa saco é aquele que durante o processo eleitoral faz inimizades em defesa do nome de seu político. Desconhece amigos, antipatiza irmão, se expõe ao ridículo.
O puxa saco pode ser melhor caracterizado no momento posterior a eleição. Diferente do político inteligente, o puxa saco alimenta animosidades, busca perseguir os adversários acreditando que assim estará sendo ainda mais fiel ao seu político, que estará prestando um serviço importante ao seu político e assim garantindo ainda mais seu emprego, seu cargo de confiança.
Diferente do político inteligente, o puxa saco não quer aproximação com os adversários, quer distância, porque afinal a aproximação de terceiros pode ameaçar seu status quo, seu emprego pelo qual tanto brigou, muita vez literalmente.
O puxa saco precisa criar espantalhos para ratificar sua fidelidade, ratificar subserviência ao político que nestes casos assume status de príncipe.
O político congrega sempre; o puxa saco tem por finalidade desagregar, não só adversários inclusive aliados eleitorais. O puxa saco só quer garantir seu espaço, para isso faz qualquer coisa: Arrefece senso crítico, fala mais baixo, anula-se como ser pensante.
O leitor desta coluna deve estar se perguntando: E o bobo da corte?
Ah! O bobo da corte é aquele que se enrola na bandeira da hipocrisia, e não se contém em anular seu senso crítico, ao contrário, defende o político de forma sine qua non. Não importa o que o político faça, se ele frauda licitação, se sucateia o serviço de saúde, faz pouco caso da educação, da segurança pública...
O bobo da corte é aquele que se expõe sem pensar no dia de amanhã, só pensa em ser subserviente ao seu político e garantir seu ganha pão momentâneo, o resto é oposição.
Enquanto o puxa saco perde amigos, o bobo da corte perde credibilidade.

Um grande abraço a todos, em especial àqueles que não perdem sua capacidade de pensar!