Postado por BLOG DO BRUNO MARQUES -
21:44
O POLÍTICO, O PUXA SACO
E O BOBO DA CORTE
Política, em seu
sentido partidário, é algo apaixonante, só quem já se envolveu em campanha
política sabe o quanto as emoções se afloram em um processo eleitoral em
especial o municipal, por envolver mais diretamente a vida das pessoas. De um
processo eleitoral municipal depende o emprego de muita gente, por exemplo.
Durante os três meses
de campanha muito se diz, desafetos são criados, irmão estranha irmão, amizades
são rompidas, até amores são perdidos.
Alguns podem dizer que
isso denota o lado egoístico da política, mesmo o lado mesquinho em alguns
casos, o que de fato é em muitos casos. Entrementes, observo que isso é normal
por um simples motivo: Envolve paixões.
Já vi muita gente se
estranhar por time de futebol, por religião, por mulher (por homem) e, como não
poderia deixar de ser, por política. O que tudo isso tem em comum? Nada menos
que paixão. Política é paixão, e como na paixão não existe razão, animosidades
são afloradas.
Entender a política como paixão, não como
razão, ajuda-nos a compreender o que difere o político do puxa saco.
O político é aquele que
durante o processo eleitoral até pode se deixar levar pelas emoções e criar
desafetos políticos, porém, após o processo eleitoral, é capaz de racionalizar
o processo e tirar conclusões racionais, como por exemplo: a) quem de fato foi
importante para o processo eleitoral em seu favor , quem foi importante contra;
b) quem dos que foram a favor devem ser agraciados, quem dos que foram contra
devem ser cooptados; c) quem dos que foram a favor são importantes para o
processo eleitoral futuro, quem dos que foram contra são importantes ter ao
lado e etc.
Passado o processo
eleitoral, o político verdadeiro é capaz de racionalizá-lo e já projetar o
tabuleiro para o processo eleitoral futuro, principalmente o político que sai
vitorioso da eleição. Esse, sobre tudo, não tem razão de alimentar rancores,
pelo simples princípio de que em política não se pode alimentar animosidades,
porque o adversário de hoje é o aliado de amanhã e vice versa.
Temos exemplos bem
paradigmáticos disso que digo tanto em nível municipal quanto estadual. Em
nível estadual quem jamais pensaria que Almir Gabriel apoiaria o PT para
governo do Estado em detrimento do Jatene?
Em nível municipal temos
dois bons exemplos. Primeiro a união de Gilberto e Cadinho. Foram antinômicos
em duas eleições e se juntaram na terceira para poder vencer a situação. Outro
exemplo foi a união do PT com o PSDB, rivais históricos unidos em torno de uma
contingência política (quem poderia imaginar nisso?).
O político verdadeiro
compreende que passado o processo eleitoral, já se inicia outro que perdura por
quatro anos. Alguns pseudo-políticos pensam que eleição é só durante os três
meses de campanha. Não se pode confundir processo eleitoral com processo
político.
O político verdadeiro
compreende política como processo dinâmico e contínuo, compreende que a
cooptação de aliados deve ser constante, em virtude disso passado o processo
eleitoral, ele busca aproximação com todos os setores políticos tanto de
oposição quanto os de situação, em especial da oposição que é de onde se pode
extrair aliados mais inusitados e que possam compensar as perdas que sempre se
registram de um processo eleitoral para outro.
Claro que nem todo político
pensa desta forma, só os mais inteligentes conseguem ter esta perspicácia de
trazer para seu lado quem era contra. Isso é coisa para um Lula, um Jader
Barbalho, um Jatene...
O puxa saco é aquele
que participa do processo eleitoral apoiando um político qualquer, em especial
o que tem mais chance de ganhar, com o fito propósito de tirar alguma vantagem
do político que chega ao poder, de preferência.
O puxa saco é aquele
que durante o processo eleitoral faz inimizades em defesa do nome de seu
político. Desconhece amigos, antipatiza irmão, se expõe ao ridículo.
O puxa saco pode ser
melhor caracterizado no momento posterior a eleição. Diferente do político
inteligente, o puxa saco alimenta animosidades, busca perseguir os adversários
acreditando que assim estará sendo ainda mais fiel ao seu político, que estará
prestando um serviço importante ao seu político e assim garantindo ainda mais
seu emprego, seu cargo de confiança.
Diferente do político
inteligente, o puxa saco não quer aproximação com os adversários, quer
distância, porque afinal a aproximação de terceiros pode ameaçar seu status quo, seu emprego pelo qual tanto
brigou, muita vez literalmente.
O puxa saco precisa
criar espantalhos para ratificar sua fidelidade, ratificar subserviência ao
político que nestes casos assume status
de príncipe.
O político congrega
sempre; o puxa saco tem por finalidade desagregar, não só adversários inclusive
aliados eleitorais. O puxa saco só quer garantir seu espaço, para isso faz
qualquer coisa: Arrefece senso crítico, fala mais baixo, anula-se como ser
pensante.
O leitor desta coluna
deve estar se perguntando: E o bobo da corte?
Ah! O bobo da corte é
aquele que se enrola na bandeira da hipocrisia, e não se contém em anular seu
senso crítico, ao contrário, defende o político de forma sine qua non. Não importa o que o político faça, se ele frauda
licitação, se sucateia o serviço de saúde, faz pouco caso da educação, da
segurança pública...
O bobo da corte é
aquele que se expõe sem pensar no dia de amanhã, só pensa em ser subserviente
ao seu político e garantir seu ganha pão momentâneo, o resto é oposição.
Enquanto o puxa saco
perde amigos, o bobo da corte perde credibilidade.
Um grande abraço a
todos, em especial àqueles que não perdem sua capacidade de pensar!