Definir a vida é algo que escapa ao ser finito, justo por essa condição. Todavia, as infinitas relações numa prática diária tende a ser a aproximação dessa definição, pois a vida é inesgotável e, sendo assim, o individual não atinge a real dimensão do que seja ela, mas alguns, como seus exemplos, conseguem sugerir passos no sentido de facilitar o entendimento.
O professor Benedito Nunes é um desses exemplos. E quem manteve contato, por menor que fosse, com ele não poderia deixar de perceber isso, saindo transformado do encontro.
O mestre era puro devir. E isso o tornara sábio. É tanto que para perceber tal condição em que chegara era necessário a ousadia de confrontá-lo, sem receios.
Em uma de suas aula sobre niilismo isso tornou-se de uma clareza solar, quando ao final de sua explanação pediu que perguntas fossem feita, dizendo que elas poderiam ser sobre qualquer coisa.
Ora, nada mais perfeito a um sábio, pois, após discorrer sobre o nada sua proposta permitiu que todos aprendessem a partir das condições apresentadas, inclusive o próprio.
Naquele momento não havia perguntas absurdas e as supostas ingenuidades contidas poderiam apontar um novo caminho para um mundo em permanentes transformações – e ao transformar o mundo o ser humano transforma a si mesmo, como ensinou Karl Marx.
Daí que, o que o professor fez foi tornar-se aprendiz enquanto ensinava, numa dimensão em que só os sábios são capazes de alcançar, buscando sempre o novo numa relação infinita como o saber, sobretudo a partir do contato humano, como pareceu na ocasião. E ao fazer isso se renovava, se transformava permanentemente. Era o devir. A vida, com toda sua magnitude, em pessoa que permanecerá com seus ensinamentos.
Autor: Luiz Mário de Melo e Silva
Blog do Pirata