A CPI para investigar irregularidades no Comitê
Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014 já tem 114 assinaturas, segundo
informou nesta quarta-feira (16) o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ). Há,
porém, uma movimentação para tentar evitar a instalação da comissão. De acordo
com Garotinho, seis deputados o procuraram hoje para retirar as assinaturas, mas
acabaram não concretizando a desistência.
Contrato
social registrado na Junta Comercial do Rio de Janeiro, reproduzido pelo jornal
Lance, mostra que o COL é uma empresa na qual o presidente da CBF,
Ricardo Teixeira, tem 0,01% das ações e a entidade, 99,99%, mas permite que os
lucros apurados pela realização da Copa sejam divididos entre os sócios
independentemente das proporções. Por isso, interpreta Garotinho, Teixeira
poderia se apropriar sozinho de todos os lucros da Copa do Mundo. Em 2006, o
comitê da Copa da Alemanha lucrou 263 milhões de dólares.
Hoje, o presidente da CBF visitou os principais
líderes partidários da Câmara e o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS).
Conseguiu deles a garantia de que vão trabalhar contra a criação e instalação da
CPI. “Não há clima para CPI”, disse Maia. Entre os líderes, há o convencimento
de que a comissão não vai vingar. Mesmo se conseguir as assinaturas, avaliam,
ela vai demorar muito para ser instalada e obter êxito na investigação.
O líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), que
chegou a assinar o requerimento da comissão de inquérito, disse que não vai
retirar seu autógrafo do documento. Mas sua assessoria disse que ele se
convenceu de que o motivo para a CPI não existe. Ricardo Teixeira mostrou a
Nogueira que, em uma das cláusulas do contrato social do COL, toda a renda
obtido pelo presidente da CBF deverá ser revertida à entidade.
A reportagem do Congresso em
Foco solicitou a íntegra do documento a Garotinho, à assessoria de
Nogueira e ao diretor de Comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, mas não obteve o
contrato social.
Dinheiro para campanhas
O requerimento de Garotinho lista outras
frentes de investigação contra a CBF, como financiamento ilegal de campanhas
eleitorais. Garotinho disse ao Congresso em Foco que balanços
da entidade mostram doações a políticos nas últimas eleições, o que ficou
proibido a instituições esportivas depois da minirreforma eleitoral.
O deputado ainda acusa a entidade de pagar
salários a seus diretores, o que seria proibido, usar dinheiro da CBF para pagar
honorários de advogados particulares de Ricardo Teixeira, tomar empréstimos no
exterior pagando taxas de juros acima do valor de mercado, fazer lavagem de
dinheiro e negociar jogadores de futebol irregularmente.
O requerimento da CPI pede a apuração dos
acordos firmados entre a CBF e as emissoras de televisão, além da apuração dos
valores envolvidos na concessão das transmissões.
Depois de falar com Marco Maia, Ricardo
Teixeira se limitou a dizer que o único assunto tratado foi a organização da
Copa de 2014. Ele e Rodrigo Paiva se negaram a comentar a CPI proposta por
Garotinho e o teor do contrato social do COL.
Congresso em Foco