FHC diz que discussão sobre aborto ‘não pode ser eleitoral’

Ex-presidente tucano disse que assunto é 'questão de outra natureza'.
Ele disse, contudo, ser 'natural' exibir religiosos em propaganda política.

Thiago Guimarães Do G1, em São Paulo
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concede entrevista nesta segunda-feira (18) em São Paulo O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
concede entrevista nesta segunda-feira (18)
em São Paulo (Foto: JF Diorio/Agência Estado)
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nesta segunda-feira (18) ser contrário à inclusão de temas religiosos em campanhas eleitorais.
A discussão de cunho religioso sobre o aborto ganhou força no segundo turno da campanha eleitoral, com acusações à candidata Dilma Rousseff (PT) de suposta conivência e mudança de opinião sobre a prática. Dilma e o candidato José Serra (PSDB) afirmam ser contrários à descriminalização do aborto.
Para o ex-presidente, cuja derrota na eleição à Prefeitura de São Paulo em 1985 é atribuída a uma declaração dúbia sobre sua crença em Deus, os países devem enfrentar a discussão do aborto, mas não em campanhas eleitorais. “Acho que a discussão do aborto em todos os países vai ocorrer. É como a questão da droga, não pode ser eleitoral. É uma questão de outra natureza”, declarou FHC, para quem esses assuntos não devem ser “politizados”.
O tucano, no entanto, disse considerar “natural” o uso de depoimentos de líderes religiosos em programas eleitorais. No domingo, o programa de Serra na TV mostrou o depoimento de pastores.
“Os líderes religiosos são cidadãos e têm que conduzir seus seguidores. É normal que assim seja. Tanto ele quanto a Dilma, os dois fazem isso. Outra questão é entrar em debate propriamente religioso”, afirmou FHC, ao chegar a um ato de apoio de integrantes do PV à candidatura de Serra.
Na sexta (15), a campanha da candidata do PT divulgou carta intitulada "Mensagem da Dilma", em que reafirma posições sobre aborto e liberdade religiosa. A ex-ministra disse que o documento dará "instrumentos" aos pastores que apoiam sua candidatura para combater uma "central de boatos".
Já a campanha de Serra produziu 2 milhões de cartões de plástico com a frase "Jesus é a verdade e a Justiça", atribuída ao candidato.

fonte: G1