"Ele foi muito mais agressivo, mas não golpeou a ponto de ela ficar grogue", disse Melo ao avaliar a primeira parte da atração. Para Martins, os candidatos apostaram em mais do mesmo. "O que vêm agora? Tudo o que já era esperado veio no primeiro bloco", questionou.
Para os cientistas políticos, a estratégia era atingir um maior número de pessoas antes que os televisores começassem a ser desligados, com o avançar das horas. "No primeiro bloco você tem que mostrar um certo ímpeto", analisou Melo.
Segundo o cientista político do Insper, Serra estava "mais agressivo do que nos outros debates". "Ele não tem outra alternativa a não ser roubar os votos dela. Mas é arriscado atacar", acrescentou Martins, para quem o eleitor identifica o problema da corrupção em governos do PT e do PSDB.
Foi, inclusive, essa a avaliação de Melo quando os casos mais recentes envolvendo os dois candidatos surgiram no debate, ainda no primeiro bloco. "Quem com Erenice fere, com Paulo Preto será ferido", brincou o analista do Insper, após Serra citar as suspeitas de tráfico de influência envolvendo a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. O ataque foi prontamente respondido por Dilma, que lembrou o suposto desvio de recursos de caixa dois da campanha tucana pelo ex-diretor da Dersa Paulo Petro.
Privatizações. No segundo bloco, ganhou força o tema privatizações, que foi puxado pelo próprio tucano, numa clara estratégia de se manter no ataque. Na análise dos cientistas políticos, a tentativa de Serra de criticar uma suposta privatização do pré-sal pelo PT soou esquizofrênica, uma vez que vai contra as bandeiras históricas do PSDB.
"Serra vestiu a carapuça e agora quer ser mais realista que o rei, mais estatista que o PT", resumiu Melo. "Vai contra a base social do PSDB", acrescentou. Na opinião do analista, a estratégia não agrega votos a Serra pois "a base social do PT já está com Dilma".
Evolução. Na avaliação dos dois cientistas políticos, o debate desta segunda consolidou a evolução de Dilma ao longo dos últimos debates. "Eu diria que a novidade é a segurança da Dilma", disse Martins. "Mas acho que as pesquisas ajudam um pouco", acrescentou.
Ainda segundo eles, a tentativa de Serra de soar carismático não funciona. "O problema é que o Serra tem um perfil... Ele é a figura racional por excelência. Quando ele faz esse discurso muito emocional, você não o reconhece", disse Melo, para quem "Dilma tem milhões de defeitos, mas é impressionante como ela aprende rápido".
Estadão