O PT sofreu uma baixa como efeito da imposição, por Lula, da
candidatura do senador Humberto Costa (PT) para disputar a prefeitura de Recife,
em detrimento da reeleição do atual prefeito João Costa (PT), que disputava com
o deputado federal Maurício Rands (PT), a indicação da convenção.
O deputado Rands, em uma inesperada atitude, anunciou ontem (4)
a sua desfiliação do PT e a renúncia ao mandato de deputado federal: "Vou sair
da vida pública e da política partidária para exercer ainda mais plenamente a
cidadania", escreveu Rands em uma "Carta ao povo de Pernambuco".
> Posições autoritárias e burocráticas
Na carta Rands critica que "na luta pela renovação do partido,
no Recife e em outros lugares, infelizmente, têm prevalecido posições da direção
nacional, adotadas autoritária e burocraticamente, distantes da realidade dos
militantes na base partidária.".
A tática cometida em Recife foi um golpe similar ao que Lula
praticou em São Paulo, impondo o nome de Fernando Haddah em detrimento da
senadora Marta Suplicy, que seria, naturalmente, a vencedora, caso houvesse uma
convenção petista na capital paulista.
> Lula, o último caudilho nacional?
A autoconfiança de Lula no manejo do PT e na neurologia das
massas eleitorais acabaram por torná-lo o mais novo, e um dos últimos, caudilhos
nacionais, e o PT cada vez mais fica parecido com o velho PTB de Vargas.
Uma coisa é certa, e a história tem demonstrado isso: a
democracia fenece quando o poder se concentra em uma só pessoa por um longo
período.