Câmara Municipal de Nova Esperança do Piriá é destruída

O que seria apenas uma sessão extraordinária para ser realizada, na manhã de ontem, na Câmara Municipal de Nova Esperança do Piriá, na região nordeste do Pará, acabou em confusão que resultou na destruição de tudo o que havia dentro do prédio daquela Casa legislativa.


A sessão ainda chegou a começar, quando membros de uma das duas comissões processantes que investigam supostas irregularidades que teriam sido cometidas pelo prefeito Antonio Nildo (PT) iriam ouvir testemunhas e acusados. Mas, por volta das 12h30, centenas de pessoas, que seriam correligionários do gestor, invadiram o prédio destruindo tudo o que havia lá dentro.


Depois que o material - mesas, cadeiras, computadores e outros bens - foi jogado no meio da rua, populares atearam fogo em tudo. Somente por volta das 15h é que a Polícia Militar começou a chegar ao município, onde mais de 70% do seu território está fincado em terras indígenas da etnia Tembé. O restante é área de assentamento rural e nasceu em função da extração ilegal de madeira daquela reserva.


Tropas do batalhão de Paragominas, Capitão Poço e até de Castanhal se posicionavam por todo centro da cidade. Uma pessoa que filmou toda a scaramuça, que durou quase uma hora, foi procurado para que os autores da destruição começassem a ser identificados e presos. Sem energia elétrica e com polícia para todos os cantos, a população de Nova Esperança teve que se recolher mais cedo.


O presidente da Câmara, vereador Benedito Araújo Neto, disse que o prefeito havia liberado os funcionários da prefeitura para que fossem fazer pressão defronte a prédio da Câmara. O vereador Reginaldo de Souza contesta
Benedito, dizendo que “a manifestação foi espontânea”.  Benedito acrescentou que desde cedo muitas pessoas passaram a beber às proximidades do prédio “e soltavam muitos foguetes”. Ele disse que um morador “chamado Laércio” foi quem começou a distribuir bebidas alcoólicas, “depois se desentendeu com algumas pessoas, levou uma surra e foi em casa pegar uma arma”.

Os vereadores Zilda Ferreira e Antonio Neto rebatem afirmando que foi o filho do vice-prefeito Clairton Marinho, conhecido por Aires, e o filho do vereador Arimatéia, Maurício, “mais o vereador Gilson, que se juntou com seus irmãos para atacar Laercio, e a partir de então começou a balburdia” que acabou na destruição dos bens da Câmara. Tudo isso deverá ficar mais claro a partir de hoje, quando as Polícias Civil e Militar começam a investigar para tentar identificar e prender os autores do quebra-quebra.

Esta não é a primeira vez que manifestações resultam em quebra-quebra de prédios públicos no interior do Pará. As motivações que levaram populares a depredar imóveis incluíram de protestos contra decisões políticas de
câmaras municipais a manifestações contra suspeitos do cometimento de crimes que chocaram a sociedade

Fonte: O Liberal