Cuba: diplomatas americanos têm razão

fidel
O “Le Monde” se debruçou sobre telegramas revelados pelo WikiLeaks, disparados à Washington desde a representação diplomática estadunidense em Havana.
Pelo que li, julgo correta a avalição dos plenipotenciários norte-americanos em Cuba: o fim do regime castrista não ocorrerá antes da morte de Fidel Castro, hoje com 84 anos e saúde abalada.
Anotam os diplomatas americanos em Havana outra obviedade cotidiana: Raúl Castro, 79 anos, a quem Fidel passou o bastão, tem saúde tão abalado quanto este. Na última vez que fui à Cuba falava-se abertamente que Raul corria o risco de ir primeiro.
É correta ainda a avaliação contida em um dos textos publicados pelo WikiLeaks de que a morte de Fidel não desencadeará um final imediato da revolução: “O conservadorismo dos cubanos, após cinquenta anos de repressão, combinado à admiração que a personalidade de Fidel ainda suscita, excluem problemas a curto prazo”, diz um trecho do relatório.
Os dissidentes não possuem articulação suficiente junto às massas para comandar uma contra revolução em ato contínuo à falta de Fidel: “a oposição cubana está reduzida e dividida em dezenas de pequenos grupos, muitas vezes com objetivos similares, mas incapazes de coordenar suas atividades”, diz um texto diplomático de 2009.
Além disto, o poder repressivo em Cuba continua intacto e ser dissidente é um ato de enorme temeridade: qualquer pequena reunião atrai a repressão dos serviços de segurança.
Outra constatação dos diplomatas revelado pelo WikiLeaks que é mais pura tradução do que vejo em Cuba: “assim como o regime, a oposição está envelhecendo e poucos jovens se aliam a ela”.
Isto ocorre pela surpreendente longevidade do regime de Castro e pela atração que a emigração exerce sobre os jovens, que fazem de tudo para deixar a Ilha rumo aos EUA.
As dissidências jovens, salvo raras exceções, são movimentos que visam formar grupos para deixar Cuba, com o ideal de fazer oposição de fora, derrubar o regime e voltar em triunfo. 

Blog do Parsifal