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Julia Duailibi, de O Estado de S.Paulo
A iminente ida de Gilberto Kassab para o PMDB, partido
da base governista, levou a presidente da República, Dilma Rousseff, a
elogiar o prefeito paulistano e a destacar investimentos na capital, ao
mesmo tempo em que criticou, de maneira indireta, o PSDB.
A presidente cumprimentou Kassab (DEM) "com muito carinho" e disse
estar "honrada" com o convite feito por ele para participar nesta terça,
25, da cerimônia em comemoração ao 457.º aniversário de São Paulo, na
sede da Prefeitura, na qual foi entregue a Medalha 25 de Janeiro ao
ex-vice-presidente José Alencar, que luta contra um câncer há 13 anos.
Além de Dilma e Alencar, estavam com Kassab no palco montado na
Prefeitura o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador
paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e o vice-presidente, Michel Temer
(PMDB), com quem o prefeito mantém conversas sobre a troca de partido.
Ontem, os dois conversaram rapidamente na presença de Alckmin.
Sentados lado a lado, Kassab e Lula falaram bastante durante a
cerimônia. O prefeito concedera a mesma medalha ao ex-presidente em 2010
- à ocasião, também fez a homenagem ao ex-governador José Serra (PSDB).
Tanto Dilma como Lula são entusiastas da ida de Kassab, que está na
oposição, para o PMDB. Ambos avaliam que a troca de partido
enfraqueceria o PSDB em São Paulo, principal bastião oposicionista no
maior colégio eleitoral do País. Nas últimas cinco eleições, o PT não
quebrou a hegemonia tucana no Estado.
Kassab pediu aos peemedebistas discrição nas negociações. Quer tonar
pública a decisão apenas depois de 15 de março, quando ocorrerá
convenção nacional do DEM para a escolha da nova direção. Caso não
consiga emplacar a troca de comando no partido, Kassab terá um argumento
forte para abandonar a legenda.
O prefeito disse às lideranças tucanas que pretende mesmo mudar para o
PMDB, legenda que lhe daria fôlego para projetos políticos maiores,
como a disputa pelo governo paulista em 2014. Aos aliados afirmou que,
mesmo no novo partido, pretende manter a aliança com o PSDB.
Na cerimônia, a presidente Dilma afirmou ainda que "junto" com Kassab
vai "continuar esse processo de investimentos" feitos pelo governo
federal na capital paulista. Sem citar os tucanos, que governam São
Paulo há 16 anos, Dilma disse que o Estado ainda tem "desafios" a
enfrentar com a população de mais baixa renda.
"Fico extremamente feliz de estar aqui em São Paulo e de que seja
aqui que esta medalha esteja sendo entregue a José Alencar, porque
justamente aqui temos um dos Estados mais desenvolvidos do nosso País.
Mas, ao mesmo tempo, temos tantos desafios em relação à situação do
nosso povo mais pobre", disse.
A presidente ainda destacou que o País está no "rumo certo" e que
essa trajetória teria sido "construída" por Lula e Alencar. Não
mencionou o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) que
também foi um dos homenageados com a medalha ontem - o tucano não
compareceu à cerimônia porque estava em viagem fora do País.
"Os dois presidentes (Lula e José Alencar) que não tinham diploma
universitário mostraram um compromisso com a educação, como diz o nosso
querido presidente Lula, ‘nunca dantes visto na história deste país’",
completou Dilma.
No final de seu discurso, a presidente dirigiu-se brevemente a
Alckmin: "Queria dizer ao governador que estamos prontos para continuar a
parceria entre o governo federal e o governo do Estado." Pouco antes, o
tucano disse receber com Dilma com "alegria" e desejar a ela um "ótimo
mandato". "Contem com São Paulo", completou Alckmin.