O governador Jatene requereu à Assembleia Legislativa a devolução de todas as mensagens de autoria do Poder Executivo que tramitam na Casa.
Ouvida, a ex-governadora Ana Júlia, opinou: “O governo é impessoal. Enviei os projetos como governadora. Deveriam deixar tramitar e se fosse o caso, recomendar voto contra. Por que não faz as mudanças na tramitação? O governo tem maioria e não teria nenhuma dificuldade para isso.”.
Como chiste, a ex-governadora relampejou: “a medida é autoritária e absurda.”.
Define-se autoritarismo como sendo todo ato de um governante cuja execução tem como consequência uma arbitrariedade: a medida é uma prerrogativa constitucional do governador, portanto, não pode ser classificada como autoritarismo.
Define-se absurdo algo que fere a razão ou contraria a lógica: o pedido enviado à Assembleia Legislativa tem como fundamento o bom senso de, dentro de uma nova sistemática administrativa, redefinir prioridades ou adapta-las, e não há absurdo algum nisto.
Ana Júlia tem razão quando diz que o governo é impessoal. Mas, a razão que se lhe dá, deita-lhe ao chão as assertivas restantes, pois, é exatamente a impessoalidade do governo que dá fundamentação ao pedido: ela enviou os projetos como governadora e Jatene os requereu de volta como governador.
Requerer os projetos de volta não significa se opor a eles: é uma prevenção para conhecê-los melhor e verificar se eles se coadunam com as diretrizes desejadas.
Fazer as mudanças na tramitação, ao contrário do que Ana Júlia afirma, não é o melhor senso: se ainda há a possibilidade de retirar os projetos para enviá-los de volta já redefinidos, é mais inteligente assim proceder.
Mesmo porque mais não seja, não é de boa conduta virar os ouvidos à direção da fala da ex-governadora: o caminho que ela trilhou lhe conduziu o governo às falésias.