"Fora, Rossieli". Enfim, Rossieli fora!
Há uma semana
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Crescimento de esquerdistas no Senado é puxado pelo PT, que passa a ter 15 senadores |
A esquerda terá um espaço inédito no Congresso Nacional que toma posse hoje (1º). A classificação ideológica das siglas brasileiras e o impacto disso na produção legislativa podem provocar longos debates. Porém, uma coisa é certa: PT, PCdoB e Psol, tidos como de esquerda, e PSB, PDT, PPS e PV, historicamente associados à centro-esquerda, ocuparão 219 (37%) das 594 cadeiras do Parlamento. Entre eles, apenas Psol e PPS não fazem parte da base de apoio da presidenta Dilma Rousseff.
Na Câmara dos Deputados, a participação somada de esquerda e centro-esquerda chegará a 38%. No Senado, o índice é menor, mas a esquerda nunca usufruiu na Casa de tanto espaço quanto terá na legislatura que tem início hoje. Dos 81 senadores, 19 (23,5%) são filiados a PT, PCdoB ou Psol. Com os oito senadores de centro-esquerda, o grupo ocupará 27 cadeiras. Há quatro anos, eram 23. Agora, com 15 senadores, os petistas só terão menos representantes do que o PMDB, considerado de centro.
Na Câmara, esquerda e centro-esquerda também nunca ocuparam tanto espaço, pelo menos desde 1986, quando foram realizadas as primeiras eleições após a ditadura militar. Na legislatura iniciada em 1987, eles ocupavam apenas 14,5% das cadeiras da Casa. Quatro anos mais tarde, pularam para inéditos 20%. De lá pra cá, passaram-se duas décadas e a presença deles praticamente dobrou na Câmara. Ao todo, 106 deputados são de partidos de esquerda e 86, de centro-esquerda, o que corresponde a 38% da composição da Casa, índice superior aos 36% registrados no início da legislatura que se encerra.
Para analistas políticos ouvidos pelo Congresso em Foco, a maior presença de partidos de esquerda e centro-esquerda pode interferir na pauta legislativa, abrindo espaço para debates sobre temas polêmicos, como a união civil de homossexuais, a descriminalização do aborto, o aprofundamento de políticas de cotas raciais e sociais e a redução da jornada trabalhista. Se não vai resultar na aprovação delas, pode ao menos facilitar a entrada desses assuntos na ordem do dia do plenário, acreditam.
Trajetória ideológica da Câmara desde 1987
(participação percentual das bancadas por legislatura)