Em menos de oito meses de governo, a presidente Dilma Rousseff (PT) demonstra pouca paciência para algumas tarefas corriqueiras no meio político. Entre elas, o desafio de ver sua administração citada em diversos escândalos de corrupção. De perfil mais técnico e menos político, a presidente tem reagido aos frequentes episódios de um jeito há muito não visto na política nacional. Basta surgirem indícios de irregularidade que uma Dilma avessa a problemas aparece e trata de tomar algum tipo de providência. Uma postura que vem assustando os aliados acostumados a uma boa dose de paciência quando algum mal-feito vem à tona.
Entre os ministros, em tão pouco tempo, foram quatro os que acabaram tendo de deixar o governo, incluindo Antônio Palocci (PT), ex-ministro-chefe da Casa Civil, antes visto como o homem forte do governo Dilma. Entretanto, ele acabou sendo a “primeira vítima” da política do “tolerância zero”.
Da mesma forma, a presidente também realizou uma série de demissões na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e no Ministério dos Transportes, passando pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Uma tentativa de se realizar uma verdadeira faxina ética no Planalto.
Os especialistas da política apontam que Dilma adota postura mais rápida e enérgica em resposta aos escândalos de corrupção, diferentemente dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Entre os aliados que estão assistindo seus indicados perderem os cargos politicamente negociados no governo, a luz de alerta está acesa. Neste cenário, o que se questiona são as consequências dessa postura de Dilma, que tem resultado em alguns problemas políticos para seu governo e trazido algumas dificuldades de governabilidade para Dilma no Congresso Nacional.
Afinal, até onde a presidente suportará seguir essa postura firme de combate à corrupção sem trazer danos políticos irreparáveis para seu governo? O PR, por exemplo, já saiu da de apoio do governo, após uma série de demissões no Ministério dos Transportes, pasta que na repartição do governo pertencia à sigla.
Alerta
Não foi a toa que o próprio governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), em conversa particular com a presidente, já alertou Dilma sobre a necessidade de melhorar as relações políticas, principalmente com aqueles que estão no Congresso Nacional.
Aliados mais próximos à petista, contudo, minimizam possíveis estragos na ampla aliança e garante: Dilma está no caminho certo e não irá recuar.
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