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Kassab. Diálogo com Temer
O movimento, que não é confirmado oficialmente pelo prefeito, juntaria dois objetivos comuns. Kassab quer um partido com maior densidade do que o DEM para ter força para influir diretamente na sua sucessão na prefeitura no próximo ano e também para poder concorrer com chances ao governo de São Paulo em 2014. Por isso defendeu, sem sucesso, a fusão do DEM com o PMDB. Já os peemedebistas querem revitalizar sua presença em São Paulo com a possível filiação de Kassab.
Isso garantiria ao PMDB poder imediato, com o controle da maior capital do País, e recuperação de terreno político local, depois do fracasso nas urnas paulistas, quando elegeram apenas um deputado federal no Estado.
Os peemedebistas entendem que uma eventual entrada de Kassab pode ainda reforçar o projeto nacional de dar musculatura à legenda com a entrada de lideranças novas. Além de Kassab, o prefeito de Campinas, Doutor Hélio, poderia também trocar o PDT pelo PMDB.
A ponte com Kassab também serviria para que o PMDB aumentasse seu poder de negociação dentro do governo federal, já que sua candidatura ao governo paulista poderia viabilizar, pela primeira vez em vinte anos, a vitória de um político não filiado ao PSDB, mesmo levando em conta toda a sua proximidade política com o tucano José Serra.
Os tucanos controlam o governo paulista desde 1995. Nem mesmo a alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seus oito anos de mandato foi capaz de quebrar a hegemonia iniciada naquele ano e, agora, ampliada com a eleição de Geraldo Alckmin. Se ficar no DEM, Kassab sabe que dificilmente seu partido não se aliará ao PSDB em torno do apoio à reeleição de Alckmin em 2014.
Questionado ontem sobre o assunto, o governador eleito afirmou: "Não tenho informação detalhada. Mas ambos nos apoiarão (DEM e PMDB). No Estado, não tem alteração", disse.
Infidelidade. Existe, entretanto, um obstáculo jurídico que atrapalha a ida de Kassab ao PMDB. O DEM poderá alegar infidelidade partidária e pedir à Justiça seu mandato. Se isso for aceito, Kassab deixaria de ser prefeito e a vice Alda Marco Antônio assumiria. Só que ela também é filiada ao PMDB, transformando a ação numa mera desforra política por não produzir nenhuma vantagem para o DEM.
"Queremos que o prefeito continue no partido. Por isso, nem estamos pensando em que tipo de ação jurídica poderíamos tomar", diz o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).
Estadão