MPF recebe pedido de investigação contra estudante que postou mensagens preconceituosas no Twitter

O Ministério Público Federal de São Paulo (MPF/SP) já está analisando pedido de investigação feito ontem pela Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco (OAB/PE) contra a estudante de Direito Mayara Petruso. No domingo, após a confirmação da vitória de Dilma Rousseff (PT) como presidente da República, Mayara postou em seu Twitter declarações de que "nordestino não é gente", entre outras mensagens de cunho preconceituoso.
Por causa de suas opiniões, a estudante foi demitida do escritório Peixoto e Cury, onde estagiava, e poderá ser investigada pela procuradora Melissa Garcia Blagitz de Abreu e Silva, da 9ª Vara Federal Criminal da Procuradoria da República de São Paulo. A área técnica de crimes cibernéticos do MPF/SP está preparando material sobre o caso.
No Twitter, Mayara escreveu que "matar um nordestino afogado" seria "um favor a SP" e criticou o programa do governo federal Bolsa-Família. "AFUNDA BRASIL. Deem direito de voto pros nordestinos e afundem o país de quem trabalhava pra sustentar os vagabundos que fazem filho pra ganhar bolsa 171", postou a estudante. Após a repercussão de seus comentários, ela apagou suas contas no serviço de microblogging e no Facebook.
Segundo o presidente da OAB/PE, Henrique Mariano, o fato de Mayara estudar Direito é um agravante. "Queremos que ela responda pelos crimes de racismo, que é imprescritível e inafiançável e incitação pública à prática de ato delituoso, no caso, homicídio, porque ela pede para afogar um nordestino", diz.
Mariano explica que o MPF tem três caminhos a seguir diante do pedido da OAB/PE. "Ele pode indeferir o pedido, realizar alguma diligência que entenda necessária ou então verificar que as provas documentais são suficientes para caracterizar crimes. Ela terá todo direito de defesa, mas nossa preocupação é que haja apuração da responsabilidade. Não só dela, mas houve reverberação de inúmeras pessoas."
Em nota, o escritório de advocacia Peixoto e Cury, no qual Mayara trabalhava, disse que ela não trabalha mais lá. "Com muito pesar e indignação, lamenta a infeliz opinião pessoal emitida, em rede social, pela mesma, da qual apenas tomou conhecimento pela mídia e que veemente é contrário, deixando, assim, ao crivo das autoridades competentes as providências cabíveis."
Estadão