Victor Hugo, El Che, Charles Chaplin, Maurício Lopes e Tiririca

Em “Os Miseráveis”, o genial Victor Hugo personifica a impiedade policialesca do Estado na figura do inspetor Javert, que persegue, além da exaustão, o personagem central da trama, Jean Valjean.
Não há similitude literária entre Tiririca e Jean Valjean, mas, é crível que o promotor eleitoral Maurício Lopes, que insistentemente caça Tiririca, pode fazer o papel do inspetor Javert.
O detalhe legal é o chicote que o promotor verga para açoitar o Tiririca: a mais perfeita tradução da insensatez do Estado policial se contrapondo à manifestação livre de mais de um milhão de eleitores.
A decisão do TRE-SP, na tarde desta quinta-feira, de indeferir os dois mandados de segurança impetrados pelo promotor para que o teste feito por Tiririca fosse anulado, foi uma brisa de ventura sobre a crescente saga do Estado em esmagar o cidadão.
Não é possível que haja somente o zelo do promotor com o cumprimento da legislação: o excesso de exação com que ele se bate na lide, denota uma óbvia fixação pessoal com o sujeito passivo da tela.
Caso houvesse outro teste e Tiririca lograsse novo êxito, quem sabe o promotor, ainda inconformado, exigisse exame de proficiência gramatical do comediante.
O Ministério Público deveria, quando em vez, cozer um caldo com o brocardo da “Dura lex sed lex”, a observação de El Che, “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás” e aquela fabulosa interjeição de Charles Chaplin, em “O Grande Ditador”: “Não sois máquinas! Homens é que sois!”

Blog do Parsifal 5.0