ESTÁ CONSUMADO

Sou um grande admirador do estilo literário do deputado Parsifal Pontes, principalmente quando ele utiliza essa habilidade associada ao seu senso analítico. Veja a seguir a bela análise que ele faz do governo que se finda.
 
 
 
Ana Julia perdeu para si mesma. Isto não é demérito ao vencedor, mas, uma constatação da incompetência dos áulicos da DS que, ao se acharem exímios alpinistas, acabaram por cair em um abismo que cavaram com os próprios pés.
O governo da DS começou pífio e termina catastrófico: Simão Jatene encontrará uma estrutura administrativa carcomida pelo aparelhamento e uma dívida pública estocada em quatro anos de inapetência gerencial.
O Pará deixou de aplicar nestes quatro anos, aproximados R$ 2 bilhões do Orçamento Geral da União: em 2009, a SEDURB não foi capaz de executar 20% dos valores que dispunha para investimentos em infraestrutura.
Na falta de muque próprio, o governo da DS se apropriou de obras da União, e até de investimentos privados – o caso da ALPA em Marabá foi o mais agudo - como se fossem seus. Esta rotina impregnou a neurologia da governadora e seus valetes, que todos começaram a acreditar que estavam mesmo “fazendo o Pará”: o fim do governo começou com esta grave esquizofrenia.
O péssimo relacionamento político dos interlocutores de Ana Júlia, principalmente o chefe de gabinete que ela, em uma espécie de cãibra mental, nomeou em substituição a Charles Alcântara e depois elegeu deputado federal, Cláudio Puty, foi a primeira lasca do seu epitáfio.
Cláudio Puty deve a Ana Júlia, pelo menos, uma assessoria no seu gabinete na Câmara Federal, onde ele chegou montado no cangote governamental, constituindo-se senão a única, a maior obra desse descalabro que se chamou governo.
A retirada de apoio politico do PMDB, que a cegueira do triunvirato da derrota, Puty, Marcílio e Maurilio Monteiro, coadjuvados por André Farias, achava um estorvo, selou a derrocada do PT, e mostrou que os oito baixos de quem já tem muitos passos nessa estrada deve ser respeitado.
Simão Jatene preenche os requisitos para fazer o resgate que o preço da democracia lhe cobra: o povo do Pará amargou quatro anos de insuficiência administrativa, não mais desejou alongar a dívida e vai cobrar a restituição do indébito.
Não é tarefa fácil a prestação da promissória, mas, há um norte que deve ser observado por Simão Jatene: sempre mirar o arremedo que se finda, pois este é o maior exemplo de como não se deve governar um estado.