De Abdallah para Obama

 

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Ensimesmou-se um artigo publicado nos EUA no sábado passado, 18, assinado pelo príncipe Turki al-Faisal, influente membro da família real da Arábia Saudita, o maior produtor de petróleo do mundo e a mais vigorosa potência econômica do mundo árabe, com muque suficiente para liderar uma coalizão contra os EUA na região.
Turki al-Faisal já chefiou o serviço de espionagem do reino, o que significa dormir na antessala do monarca e foi embaixador da Arábia Saudita em Londres e Washington, portanto, um artigo de sua lavra é quase uma fala do trono.
O artigo está publicado no “Washington Post”, um jornal de clara orientação democrata: o “Post” está descontente com Obama a ponto de estampar um petardo republicano rumo à Casa Branca a partir de suas próprias páginas.
No artigo Turki desanca Obama no momento em que este convoca os árabes a implementar uma agenda democrática em seus emirados, mas, “não exige direitos análogos aos palestinos que vivem subjugados em seus territórios pelos israelenses.”.
No parágrafo seguinte Turki avança: "em setembro, a Arábia Saudita usará o seu peso a favor dos palestinos”. Prossegue subindo o tom: "o governo americano diz que Israel é um aliado indispensável, mas, descobrirá que há outras forças na região. E fecha o parágrafo: “favorecer Israel não é sábio e Washington logo conhecerá as consequências dessa aventura."
Na sequência, Turki faz uma possível declaração de rompimento: "as consequências de um veto dos EUA ao reconhecimento de um Estado palestino na ONU serão desastrosas para as relações com a Arábia Saudita.”.
Na terça, 21, o articulista, também do “Post”, Richard Cohen, publicou artigo cuja intepretação seria que o “Washington Post” e Turki mandaram dois recados com uma só pena: um para Obama e outro para Israel, que se se tem aproveitado de uma certa leniência da Arábia Saudita e o amplo apoio dos EUA, para roer o fígado dos palestinos.
O recado aos EUA está claro: o reino Saudita não pretende fazer concessões em detrimento do Estado palestino. Quanto a Israel, Turki avisa que o reino espera uma posição mínima de cooperação, ou, a cimitarra brandirá.
Isto fica óbvio na sentença final do artigo, quanto à reação árabe a um eventual movimento israelense contra os interesses do Estado palestino: Turki declara que "detestaria estar por perto quando eles (Israel) enfrentarem seu merecido destino.".
Os tempos no médio Oriente nunca foram brandos, mas, se a lavra de Turki for um recado do rei Abdallah, o tempo poderá fechar.

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