Argentina a la Venezuela

 

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O movimento da Casa Rosada de estatizar a extração de petróleo (privatizada na década de 90 por Carlos Menen) foi uma crônica anunciada há mais de mês, quando as 6 principais províncias petrolíferas argentinas cassaram 16 concessões da Repsol.
A Repsol tentou negociar, mas o governo ignorou os espanhóis e decretou a intervenção na empresa, enviando ao Congresso o projeto de lei que expropria 51% da participação da Repsol na YPF, restando-lhe míseros 6,4% dos 57,4% que detinha.
Os jornais argentinos reportam que, além do petróleo, o projeto enviado ao Congresso estatiza a fatia da Repsol na YPF Gás, que distribui gás butano no país.
> Oposição sugere corrupção na estatização
A oposição alega que a presidente Kirchner, por orientação do seu guru econômico Axel Kicillof, vice-ministro da Economia, teria agido por motivos eleitorais e de economia doméstica.
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O “doméstica” teria conotação familiar: os Kirchner seriam sócios ocultos de metade dos 25,4% que pertence ao GP (Grupo Petersen, um dos maiores grupos empresariais da Argentina) na YPF, conseguidos à época que o falecido Néstor Kirchner era presidente da Argentina.
É fato que a Casa Rosada não tocou no percentual do GP, preferindo tungar somente a Repsol.
> Espanha e União Europeia protestam formalmente
A Repsol declarou que a expropriação dos seus ativos na YPF visa abaçanar o fracasso da política energética argentina, cada vez mais dependente de importações.
A Espanha deu suporte incondicional à Repsol e levou a União Europeia junto, mas a presidente Kirchner não recuou diante das pressões. Todavia, apressou-se em declarar que a coisa parava por ali: foi uma satisfação ao Brasil, pois a Petrobras, que possui ativos na exploração petrolífera argentina, acendeu a luz amarela.
> De país desenvolvido a mera província do cone Sul
A Argentina já foi o país mais desenvolvido das Américas depois dos EUA. Uma sucessão de governos atabalhoados, que começou com a dinastia dos Menen e desemboca agora nos Kirchner, tornou o país em mera província do extremo cone Sul do Continente, com um PIB ridículo (US$ 369 bilhões) para o seu potencial.
 
Blog do Parsifal
Com dois defaults (calotes na dívida externa) no seu currículo, expropriação de ativos de aposentadoria interna e apropriação de depósitos privados (episódio conhecido como corralito) e agora com uma expropriação cujo método desrespeita acordos de direito internacional, a Argentina pousa no fundo do poço, optando por se isolar a sua quase insignificância em um mundo cada vez mais complicado de se relacionar.