JORNADA TOCANTINESE-I

Com muita saudade lembro de minha Jornada Tocantinense. Deixei bons amigos e aprendi muito, talvez as experiências que determinaram meu caminho intelectual.

Em novembro de 2000 fui convidado para dar um míni-curso de Literatura em um curso pré-vestibular de Araguaína, eu formava-me no mês seguinte do mesmo ano, já havia, aquela altura, entregado o TCC.

O míni-curso foi bom, preparei-me para isso, pois fui para não voltar, eu tinha o projeto de terminar a faculdade e ir para um outro lugar, conhecer outra cultura, eu tinha curiosidade por isso, hoje ainda tenho, mas com bem menor intensidade, bem menor.

Mamãe sempre disse que eu nasci com "o cu pra lua", que tudo dava  certo para  mim, hoje aos 35 anos, creio que ela tinha razão, sempre as coisa se encaixaram bem para mim, até quando deu errado no fim deu certo.

Iniciar a Jornada Tocantinense foi algo assim. No meu último ano de faculdade eu já estava no mercado de cursinho (grande escola), conhecia pessoas que confiavam em meu trabalho, e graças a uma delas fui convidado para ministrar um míni-curso em Araguaína. Deu certinho, eu queria viajar e a viagem apareceu, do nada, em uma tarde como outra qualquer. Fui com o propósito de não voltar, minha mãe sabia disso, sempre disse a ela o que ia fazer, quando disse a ela sobre o míni-curso, ela me abraçou e se despediu. Fui para não voltar e não voltei. fui contratado pela principal escola particular de Araguaína, chamava-se Pequena Universidade, um nome terrível. 

No ano seguinte a minha chegada, mudamos o nome para Uni Positivo. Era um nome sintético: "Uni" da reconhecida "Pequena Universidade" e "Positivo" do reconhecido material didático que adotamos. Não sei se ainda é este nome, creio que sim. A escola pertencia ao gentil senhor Ferraz, homem culto e de presença austera, tornamos-nos amigos, grande mestre.

Uma vez instalado na cidade, mirei o mercado de cursinho, por isso não aceitei a cláusula de exclusividade da Uni Positivo, de fato não compensava ter ido se fosse para ser exclusivo, era preciso ganhar o mercado para compensar o desgaste psicológico das rupturas e das oportunidades deixadas para trás. Ao fim do quarto mês letivo eu dava aula em três dos quatro cursinhos da cidade por falta de tempo, o que mostra a carência de professores do lugar, um recém formado dominando o mercado, algo impossível de acontecer em Belém por exemplo ou mesmo na Araguaína de hoje pelo que me informaram a Dorinha Ramos e o Melquisedeque. Aquela Araguaína era uma Araguaína de oportunidades, a de hoje parece que ainda é também.

Pausa da narrativa:

Caros leitores deste blog, esta história é longa, não termina aqui, prosseguirá assim que em minha adega tiver um bom vinho, que não seja desses vinhos baratos que tomo ( que pelo menos merecem a alcunha de vinho, não de Cantina das Trevas, como diria o novel amigo Cavada).

Não sei quantas partes irão ter a Jornada Tocantinese, pois é uma história que quero contar à vontade, por isso peço perdão aos caros leitores para me permitirem digressões pessoais e emocionais, por que é uma história densa de saudades, paixão, para se ter uma ideia fiz meu primeiro filho nessa Jornada, em Babaçulândia, em uma tarde quente do Centro-Oeste, a 50 m do rio Tocantis na divisa com o Maranhão.

Esse cara aqui do meu lado falando de espada samurai que identifica a cultura japonesa foi feito lá em 2001, mas só nasceu no ano seguinte, nas mãos da Dona Preta parteira da Vila de São Raimundo de Borralhos a 30 km da sede do município de Santo Antônio do Tauá em maio de 2012.

Comecei esta série de postagens não só porque encontrei com pessoas que me trouxeram notícias de lá, mas porque escutei esses dias uma música que ouvia muito em Araguaína, pela Direc Tv, nos canais de rádio de MPB.

Indicou-a: Com vocês! Lenine:

http://letras.terra.com.br/lenine/65965/