NATUREZA DO AMOR

O que mais vale, ter um amor só durante a vida ou ter vários amores ao longo dela?

Ofereço o questionamento para exercício de abstração apenas, creio que nem vá conseguir dar uma resposta para a indagação inicial, nem tenho esta pretenção nesta postagem, quero apenas levá-los à reflexão sobre tema.


Precisamos compreender bem o objeto analisado, trata-se não do que seja o amor, antes indaga-se o que é melhor levando-nos à confirmação de duas espécies de amor cujo os traços característicos são os requistos tempo e subjetividade.

A primeira espécie de amor é o único que dura por toda vida. Para o senso comum esta é a espécie de amor verdadeiro ungido na moral religiosa Cristã das virtudes. Diversos exemplos da literatura ocidental nos dão conta desta espécie de amor como sendo o verdadeiro amor. Romeu e Julieta, Tritão e Isolda dão provas do que afirmo. O que seria de Adão sem sua formosa e pecaminosa Eva?

Quem aassiste às dramaturgias televisivas tem a mesma percepção, o amor tido como puro é único e começa na infância em muitos casos. Personagem como o Cadinho que tem três amores na novela das 6:00, se não me engano, é apresentado como uma caricatura de homem cafajeste por ter mais de um amor.

As características do AMOR ÚNICO ATEMPORAL são o tempo ilimitado e a unisubjetividade nos pólos passivo e ativo.

Não é difícil de se chegar a conclusão de que esta forma de amor é utópica e ingênuo é quem acredita nele, pois o amor é sempre entre pessoas o que implica em individualidades distintas unidas por um sentimente comum, entretanto, o tempo, o convívio e a rotina são onóbios vorazes que se alimentam do amor comum o desgastando dia a dia até ruir.

A um dado tempo mais vale o respeito, o companheirismo e a volúpia que o próprio amor se os amantes desejam ficar juntos mais tempo.


A segunda espécie de amor é múltipla, é possível amar mais de uma vez? O senso comum diz que não mesmo a vida isistindo em dizer sim e dar exemplos disso. Vide o caso do Chico com a Marieta Severo.

As características desta espécie consiste numa percepção de tempo diversa da primeira espécie de amor, enquanto nesta o tempo do amor é a vida, naquela o tempo do amor é o de sua duração, esse é o tempo que importa. Esta noção temporal do amor foi muito bem sentida pelo poeta Vinícius de Moraes:

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Quanto ao aspecto subjetivo, caracteriza-se por ter sempre litisconsórcio no pólo passivo, às vezes até com simetria temporal.
O AMOR MÚLTIPLO TEMPORAL, apesar de ser o factual, é considerado pela moral Cristã como pecaminoso por isso não é o tipo de amor idealizado pelos amantes ingênuos e sonhadores que se veem e se desejam juntos por toda a vida, mesmo isso não sendo possível sem a necessária submissão de uma das partes como acontecia com nossas avós, mas isso já nada ter a ver com amor.

O AMOR MÚLTIPLO TEMPORAL tem a vantagem de permitir às pessoas novas experiências, imaginem se nós tivéssemos casados com nossa primeira namorada, quantas outras vidas deixaríamos de conhecer? Quantas outras experiências deixaríamos de viver? Quanto não nos mutilaríamos em nossa existência?

O amor deve ter data de validade.