A “CPMI do Cachoeira”, abaçanada com a tagarelice do ministro
Gilmar Mendes, ainda não rendeu algum indignado herói defensor da honra
nacional.
Hoje (31), diante do silêncio constitucional do senador
Demóstenes Torres, único depoente do dia da CPMI, o deputado Silvio Costa
(PTB-PE), expôs-se ao ridículo: para se premiar com as luzes das câmeras,
resolveu encarnar um Cícero boquirroto e fazer de Demóstenes o seu Catilina
silencioso.
> Gritos e achincalhes
Levantou-se o Cícero do agreste, olhou se as câmeras estavam a
postos, abriu o paletó e danou-se a descompor o senador Demóstenes, que o ouvia
impávido:
“- O seu silêncio é a mais perfeita tradução de sua culpa.
O seu silêncio escreve em letras garrafais Eu, Demóstenes Torres, sou sim membro
da quadrilha do Cachoeira. Eu sou sim o braço Legislativo da quadrilha do senhor
Cachoeira. Eu vi seu depoimento no Conselho de Ética. Eu mesmo tinha muita
admiração. O senhor disse que foi traído. Foi o senhor que traiu os amigos,
traiu Goiás, os amigos, ao Brasil. O senhor disse que era carola. Mas se o céu
existir, o senhor não vai para o céu. O céu não é lugar de mentirosos, de gente
hipócrita. O senhor está calado e eu sei porquê. Ex-futuro senador! O senhor é
um hipócrita, um demagogo. O senhor deve ser processado pelo Conar, por
propaganda enganosa.”.
> Senador Pedro Taques é açoitado
Diante da descompostura do tresloucado deputado, a veia
jurídica do senador Pedro Taques (PDT-MT), ex-procurador da República e
professor de Direito Constitucional, aflorou, rebatendo o deputado:
- Não cabe a qualquer parlamentar expor o outro, mesmo em
se tratando de uma CPI.
Silvio Costa não se rogou e virou a sua ira santa contra
Taques:
- O senhor é um merda. Um filho da p...
Taques subiu o tom:
- Não me meça com a sua régua!
Nesse momento o presidente da CPMI resolveu deitar o pano do
palco e encerrou a sessão.
Há juízes que não se bastam em julgar e condenar um réu:
precisam humilhar o objeto da sentença. Isso não é algo civilizado.
Certo estava o escritor e político italiano do século 19,
Massimo D'Azeglio, ao afirmar que "a vaidade quer aplausos.".
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