CST

Em 1996 passei para o curso de Letras na UFPa, tive a sorte de ter em minha turma militantes da CST, grandes companheiros de luta. A CST (Corrente Socialista Trotkista) era a militância do Babá que foi expulso do PT e fundou o P-SOL. Era a corrente mais radical do PT, eram quase terroristas.
Nunca fui da CST, porque eu tinha medo, mas só andava com o pessal de lá, minha atuação no movimento estudantil em Belém foi por intermédio deles.
Fizemos muitas manifestações juntos as duas maiores foram a venda da Vale do Rio Doce e o massacre dos Sem Terra em 97. Em geral era o pessoal da CST que radicalizava os protestos, jogávamos pedra em vidraça, invadíamos prédios públicos...

Relato esta história para mostrar o quanto foi diferente o protesto que fizemos aqui, no fim de semana passado, acho que no sábado cometemos excessos, não devíamos ter direcionado tanto o discurso contra o Marió, pois fica parecendo que queremos tirar proveito político disso, o que é ridículo, se aproveitar da desgraça alheia para tirar proveito eleitoral. Apesar de estarmos só eu, a Sheila, o Teo e o Diego, achei muito melhor o protesto de domingo. Fiz esta reflexão no domingo de manhã depois de ter passado a noite inteira pensando no comentário do Jr. no Facebook e ter concordado com ele.

Por isso mudamos para o domingo, não distribuimos panfletos, porque tinha o nome do Marió, nem colocamos nenhum cartaz com seu nome, no geral os cartazes traziam informações históricas sobre a ponte, não gritamos nada para ninguém, não ofendemos ninguém, muito pelo contrário dançamos, pulamos, cantamos, participamos do Círio.
Foi uma decepção para aqueles que esperavam que fizéssemos uma manifestação agressiva.
O resultado foi muito positivo, todas as pessoas que passaram no Círio viram nossas fotos, leram nossos cartazes e, quase todas, nos apoiaram.

No tempo da CST, nossas manifestações nunca eram bem vistas pela população, éramos vistos como vândalos.

É muito mais inteligente protestar ganhando o apoio da população.