Acusados de embolsar caixinha escapam de punição

A prática de ficar com o salário de servidores é institucionalizada no PSC, mas está longe de ser uma exclusividade do partido ou do Congresso. Ela se repete em assembléias e câmaras municipais com o mesmo roteiro: ninguém punido pra valer

O ex-senador Efraim Morais foi acusado de manter duas funcionárias fantasmas, que achavam apenas que tinham ganho uma bolsa de estudos - José Cruz/ABr
Como mostrou o Congresso em Foco, o PSC institucionalizou a prática de obrigar seus servidores a devolver ao partido parte dos seus salários. Mas esse expediente está longe de ser uma exclusividade do PSC, ou de ocorrer apenas na Câmara dos Deputados. O assunto é cochichado como “segredo de polichinelo” nos corredores do Congresso, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores. Mas raramente chega aos ouvidos do público. A acusação geralmente é sufocada pelo temor dos funcionários de sofrer represálias dos parlamentares, pela dificuldade de reunir provas contundentes contra os denunciados ou, ainda, pelo ceticismo deflagrado pela tradicional falta de punição.
Porém, quando a suspeita se torna pública, o roteiro costuma ser o mesmo: um ex-funcionário denuncia o ex-chefe; o parlamentar rebate a acusação e a qualifica como “vingança” de servidor contrariado porque perdeu o emprego; abre-se uma investigação, mas ninguém é punido. Em alguns casos, mesmo com os indícios, as investigações nem chegam a ser abertas.
A seguir, o Congresso em Foco resgata uma série de denúncias sobre apropriação de salários de funcionários que vieram a público:
“Só no meu?”
Em agosto deste ano, um vereador do município de Colombo, região metropolitana de Curitiba, foi preso em flagrante, acusado de ficar com parte do salário dos assessores. Segundo os policiais, Oliveira da Ambulância (PTB) ficava com dois terços dos R$ 3,9 mil que deveriam ser pagos aos funcionários. De acordo com a denúncia, o servidor retirava o dinheiro no banco e voltava ao gabinete para devolver a maior parte do salário ao vereador.
Surpreso com o flagrante, o vereador perguntou aos policiais se eles vão aos demais gabinetes, insinuando que a prática é recorrente. “Só no meu?”, questionou. Ele passou três dias na cadeia e responde pelo crime de peculato, passível de dois a 12 anos de prisão. O vereador alegou em sua defesa que o dinheiro que estava em seu gabinete era economia para trocar o motor de sua ambulância. O processo corre na Justiça paranaense.
Veja o vídeo com o flagrante dado em Oliveira da Ambulância:


Congresso em Foco