A CIDADE QUE TEMOS E ACIDADE QUE QUEREMOS

Fui ontem a Igarapé-Açu visitar um amigo,  para mim uma viagem reveladora, mostrou-me o quanto a administração do Marió está sendo funesta para a organização urbana de nossa cidade.

Saí de casa e parei no Paulinho, ao lado da escola Padre Marcos, para comprar um peixe, subi a ladeira que vai rumo ao BANPARÁ  e fiz a convergência para esquerda. Passei quase 10 minutos para percorrer a distância  entre o banco e a prefeitura (uns 30 m). A razão disso?  Tinham dois caminhões baú estacionados neste percurso, um na frente do outro a um lado da rua, do outro várias barracas de pau improvisadas que mais parecem de um cortiço, ao outro lado da rua e na calçada do BANPARÁ, obrigando carros, motos, bicicletas e pessoas a disputar o mesmo estreito corredor que sobrou no meio da rua e que atendia as duas mãos, quando consegui chegar ao final deste estreito corredor, uma senhora buzinava atrás do caminhão com a ilusão de que o caminhão saísse da frente, estranha ficou a face dela quando eu lhe disse que o caminhão estava estacionado. Não perdi a oportunidade para completar:

- Terra sem lei é assim mesmo! 

Segui em frente, peguei a BR e rumei a Castanhal. Passando por Castanhal quanta diferença, apesar de ser uma cidade bem maior que a nossa, está com um grau de organização urbana considerável, o trânsito é todo organizado com sinalização vertical, horizontal e guarda de trânsito.

Castanhal é o modelo de crescimento para Santa Izabel, é neles em quem devemos nos inspirar. Eles só chegaram nesse nível de organização por causa da administração pública, o Hélio Leite foi um prefeito de visão com consciência de que a organização urbana de cidades mais complexas é fundamental para a qualidade de vida das pessoas.

Sexta-feira vi mais uma pessoa jogada no chão em frente ao Imperial após mais um acidente de trânsito, que é uma constante em nossa cidade, o trânsito de Santa Izabel é um triturador de carnes.

Estou maravilhado com Castanhal, é uma excelente cidade para se viver.

Continuando pela Barão do Rio Branco fui até o final e convergi para esquerda, rumo a São Francisco (fui a Igarapé-Açu por dentro). Chegando lá, e a mesma coisa senti em Igarapé-Açu, senti-me em uma cidade com clima de interior de verdade com o clima de cidades por onde já vivi pelos confins deste Estado: Maracanã, São Domingos, Tiboteua, Santa Maria, a Santa Izabel de minha infância... Foi muito bom sentir aquilo de novo, aquele sentimento de cidade pequena, onde todos se conhecem, se respeitam, sem vandalismos gratuitos. São Francisco é um tapa na cara de quem é izabelense, apesar de pequena, é um brinco de organização, em Jambu-Açu, agrovila de São Francisco, tem um balneário lindo, limpo, organizado e familiar. Para se ter uma ideia, neste balneário, têm duas placas, uma proibi os ridículos sons auto-motivos, outra proibia a venda, a circulação e a venda de bebida alcoólica. Um balneário muito bem organizado e público (postarei fotos). Acredito que era isso que se deveria fazer em Caraparu para torná-lo um ambiente familiar, os barraqueiros ganhariam muito mais vendendo comida que vendendo cerveja, além do que tornaria a Vila menos violenta e mais familiar. Um ponto turístico deste é mais interessante que um que seja referência de violência. Associado a isso daria para explorar o turismo ecológico e a festa religiosa do dia 8. As placas me mostraram como soluções simples podem surtir um grande efeito.


Outro aspecto que me chamou a atenção em Castanhal foram as agrovilas, como eles chamam lá, toda agrovila que conheço em Castanhal e que conheci nesta viagem tem a presença do poder público. Os prédios públicos pintados com a cor do governo, pracinhas com brinquedos para as crianças e organização. Castanhal é uma cidade em que a prosperidade e o sucesso são tácteis. Pensei até na hipótese do povo de Americano lutar para se tornar agrovila de Castanhal, talvez fosse mais negócio que emancipar, pois com certeza é mais negócio que pertencer a Santa Izabel.

São Francisco deixou uma impressão que causou-me saudosismo.

Em Igarapé-Açu, tudo que senti em São Francisco se intensificou. A primeira coisa que atraiu-me na cidade foi o Grupo Escolar, idêntico ao Sílvio Nascimento, foi estranha a sensação de ver o Sílvio em outro lugar, demorei um pouco para entender. Seguindo a principal, fui até o mercado velho, que é um prédio antigo fabuloso.

Cheguei a casa do Eudson, uma casa muito boa e bonita, com um terreno de interior, desses grandes, todo murado, afixionado que sou por segurança não pude deixar de observar que não tinha cerca elétrica, fui até a rua, olhei a um lado, a outro e nenhuma casa tinha. Perguntei ao Eudson sobre a cerca, ele respondeu-me que lá em sua cidade ainda não precisa (inveja).

Igarapé-Açu é uma cidade que já apresenta uma certo grau de complexidade, com os mesmos problemas de infra-estrutara que temos aqui em Santa Izabel, porém, e isso me chamou a atenção, é muito mais organizada e limpa.

Essa viagem mostrou-me o quanto danoso foi esse governo do Marió para a organização urbana da cidade, ele deixou avacalhar, Santa Izabel é uma cidade avacalhada. No episódio do trânsito em frente ao BANPARÁ tinha um guarda de trânsito que pouco pode fazer, por que ninguém respeita ninguém, nem o guarda. Outro dia um rapaz estacionou em cima da rua lá na feira, porque o acostamento está tomado de barracas, eu observei a situação a ele e ele ficou bravo, perguntou-me o que eu tinha a ver com o fato de ele ter estacionado sua moto de comprido em cima de uma das faixas da rua, pode? É nessa cidade em que vivemos, que é uma terra sem lei, onde o próprio poder públicos não é um cumpridor de leis (lembrar o caso da Tibiriçá).

Quero dizer que após esta viagem, eu tenho ainda mais certeza de que podemos ter uma cidade melhor, mas não com este modelo de gestão que aí está e quer se perpetuar. Para organizar Santa Izabel, é preciso um prefeito de coragem, que tenha vontade de ver a cidade melhor, que tenha coragem para atacar os problemas que aí estão expostos, no meio da rua, a vista de toda a sociedade.

Eu quero e exijo uma Santa Izabel melhor! É possível, se todos nós acreditarmo que é!