VIRANDO O JOGO

No município de Santa Izabel desde a década de 90 para cá, os professores constantemente têm utilizado a greve como instrumento de luta pela melhoria da educação e da situação da categoria. Se fizermos uma análise desse fenômeno de forma desavisada poderemos chegar a conclusão de que só existem as greves no município porque a situação do professor não é fácil, aparentemente é isso. Porém devo relembrá-los que essa situação de descaso com o professor não é um "privilégio" de Santa Izabel, em quase todos os municípios a situação é igual ou até pior, no entanto os professores não se manifestam em contrário.
Com base nessa consideração inicial, deve haver portanto uma razão mais complexa para a frequência de greves dos professores izabelenses. Na minha forma de ver o fenômeno, considero que três fatores são importantíssimos para esta frequente vigilância dos professores em relação aos seu direitos.
Devo lembrar que nem sempre foi assim, na década de 80 e início da década de 90 os professores aceitavam a opressão calados com medo.
O que fez essa realidade mudar primeiramente foi os diversos concuros públicos que tiveram. Com a estabilidade assegurada pelo concurso, o profesor deixou de ter medo de se opor ao poder público, no tempo em que a maioria da categoria era de temporários, ninguém ousava desafiar aquele que lhe tinha arrumado um emprego.
Outro fator importante para o processo de luta da categoria foi a fundação do sindicato 95. O sindicato passou a organizar a categoria, a concentrar os esforços de resistência o que deu suporte humano e logístico para a ocupação da prefeitura em 96 por exemplo.
O terceiro , mas não menos importante fator, foi a qualificação escolar pelo qual os professores passaram. No passado era raro um professor com nível superior, hoje raro é um que não o tenha. A importância deste terceiro fator se dá principalmente no fato de ser ele o elemento de conscientização, os professores izabelenses são mais esclarecidos que no passado. Lembro-me que no movimento grevista do governo do Simão, nas reuniões com os representantes do prefeito, pouca gente tinha coragem de falar com medo de ser perseguido, hoje difícil é controlar quem os que querem falar.
A história de luta dos professores de minha cidade, é uma história bonita e cheia de conquistas, é uma história que tem nomes como o do professor Osmano, do sindicalista Aloísio Ferreira, das Professoras Milani, Sandrinha, Arlete e mais recentemente do atual presidente Deuzanir, além claro de mais uma série de nomes de professores de luta que sempre foram vanguarda nos movimentos da categoria.