Rasputin no tucupi


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Chegou ontem à Belém a comissão externa da Câmara Federal para acompanhar as investigações de fraudes nas folhas de pagamentos da Assembleia Legislativa do Pará.
A comissão, coordenada pelo deputado federal Claudio Puty (segundo na foto, da direita para a esquerda), reuniu-se com o MPE, MPF, Receita Federal e recebeu a ex-servidora da ALEPA, Mônica Pinto, que se diz ameaçada e pediu mais proteção policial.
Inteirados do andamento das investigações, os deputados federais acham que é possível que as fraudes na ALEPA, nos últimos cinco anos, podem ter sido de R$ 25 a R$ 60 milhões.
No final da tarde a comissão foi recebida pela OAB-PA. Ali as notícias saíram do mais do mesmo em que se tornaram as matérias sobre o objeto comissionado e a trovoada virou o rumo.
Aberta a reunião, o deputado Puty desfiou um rosário de moral e cívica, rogando o mais urgente posicionamento da OAB-PA na apuração dos fatos.
Puty proseou honestidades esquecendo as recentes estripulias por ele cometidas como chefe de gabinete civil do governo de Ana Júlia e todos os setes que pintou para se alçar deputado federal.
Caso o discurso que ele cometeu fosse consequente, a primeira providência da comissão de combate à corrupção que ele coordena seria exonerá-lo da função e, de volta à Brasília, abrir a devida Comissão Processante para lhe cassar o mandato: evidências a comissão ouviu de sobra dos próprios conselheiros da OAB-PA, que lhe rezaram a missa de corpo presente.
O conselheiro Mauro Santos foi o primeiro a lembrar o deputado Puty da folha corrida que ele já amealhou no pouco tempo de vida pública que sorve.
Mauro Santos concordou com tudo o que Puty discursou, alegando que as fraudes na ALEPA precisam ser apuradas e punidos os responsáveis, mas, admirava-se da “cara de pau” de Puty em fazer aquele discurso com tamanha desfaçatez, enquanto é indiciado em vários processos, movidos pelo Ministério Público Federal, todos por supostos atos de “corrupção eleitoral.”.
Mauro Santos encerrou sua fala dizendo que Puty “corre o risco de ser cassado no TRE-PA” e que ele havia sido o “Rasputin no tucupi” do governo de Ana Júlia.
Seguiram o conselheiro Mauro Santos, no mesmo tom, a conselheira Kelly Amorim e os conselheiros, Ismael Moraes, Mario Freitas e Leônidas Alcântara.
Kelly Amorim disparou, na base do olho no olho, que Puty, na chefia do Gabinete Civil fez da nomeação de assessores “um instrumento de troca de favores e nepotismo.”.
Ismael Moraes desancou Puty ao virar-se aos demais deputados federais que o acompanhavam e perguntar se eles imaginavam o “quanto custou para a sociedade paraense a campanha do deputado Puty.”.
Diante do rumo tomado na reunião, e para evitar mais constrangimentos, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que faz parte da comissão, sugeriu o encerramento da mesma e comentou que a comissão faria uma reunião, em Brasília, sem a presença do deputado Puty, para avaliar as denúncias feitas contra ele pelos conselheiros da OAB-PA, sugerindo ainda que Puty seja substituído por outro deputado em uma próxima visita da comissão ao Pará.
“Pode apurar, que me investiguem. Façam acusações, mas, que provem. Que olhem a minha conta bancária, que apurem tudo. Tenho a consciência tranquila.”. Foi o que o deputado Puty conseguiu dizer em sua defesa.
Já dizia a minha avó Ciló: quem tem rabo de palha que passe longe do fogo.

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