COPACABANA

Quando eu tinha 23 anos, logo ao me formar na federal, fui trabalhar no Tocantins. Lá conheci o Marco, um belenense que havia chegado a Araguaina para fazer o marketing da escola em que fui trabalhar lá. Ficamos muito amigos, ele tinha 29 anos. Ele disse-me algo certa vez que me marcou profundamente. Ele disse-me que a melhor coisa de envelhecer é ficar maduro.

A época não entendi muito, até porque o Marco só tinha 29 anos, porém ele tinha uma maturidade que até hoje eu invejo. Aprendi muita coisa com o Marco, só não aprendi, como ele queria, a envelhecer. Tenho medo e não estou preparado para isso.

Hoje com 34 anos,entendo o que o Marco disse-me, sinto-me maduro, porém minha mente ainda não se adequou a ela, apesar da idade, sinto-me  e tenho a jovialidade de um rapaz de 18, sinto-me muito dinâmico ainda, apesar de o meu corpo não corresponder muitas vezes a esse dinamismo como antes.

Em uma dessas madrugadas em que se perde o sono, liguei a TV, peguei um filme na parte final, o protagonista era o maravilhoso Marco Nanini (coincidência? Com certeza). O filme chamava-se Copacabana, o tema era o envelhecimento.

Eu fiquei tão apreensivo ao ver o filme que fui acordar a Sheila para ver comigo. Ao final disse a ela que não estava preparado para aquilo.

Conversei depois com papai sobre o tema do envelhecimento abordado no filme, para minha pseudo felicidade, papai disse-me que a mente vai se acostumando a ideia de envelhecer e morrer. Apesar do arrepio na espinha fiquei feliz, pois papai é um homem muito experimentado pela vida, e se ele falou isso, tem algum sentido.

Não sinto-me pronto para envelhecer, talvez esteja mais naturalmente pronto para morrer, que é mais simples, não envolve consciência. Esse é o meu problema, sinto-me muito consciente do por vir, mas... o que a de vir? Eu sei, é o ...