SOCIEDADE DE CONSUMO

Vivemos em uma sociedade de consumo, mas o que significa isso?

Significa que perdemos definitivamente a relação de produção com os bens necessários a nossa sobrevivência, alienamos para as empresas capitalistas a responsabilidade pela nossa manutenção, vivemos em função dos bens de consumo. Para se ter certeza disso basta fazer um pequeno teste. Verifique em você, no que você usa, ou em sua casa, o que foi feito por você. O homem pós-moderno não produz nada, sua sobrevivência depende da venda de sua força de trabalho, e com o dinheiro proveniente desta relação econômica que o homem adquiri tudo o que precisa.

Isso tem a ver com o assunto do qual recorrentemente falo aqui no blog e que o blogueiro Diego Sousa ainda não entendeu sobre a Santa Izabel antiga e a de hoje.

Da Santa Izabel de minha infância para trás, as casas possuíam enormes terrenos como os das casas de meus avós, neles se plantava e criava, mamãe sempre diz que "antigamente ninguém comprava remédio", o remédio eram as ervas que se colhia no quintal. Hoje em dia o padrão de terreno em Santa Izabel é 10x30, é uma área suficiente só para fazer a casa, o homem de hoje não precisa de terreno grande, não planta, não cria.

Na sociedade de consumo tudo é no dinheiro, quem não tem dinheiro, não sai nem de casa, o moto-táxi está R$3,00.

Tenho consciência de que vivo nesta sociedade, e é esta consciência que me faz insurgir contra esta forma de relação social que é o cerne de muita mazela social em nosso país como o banditismo, a miséria, a prstituição... Vivemos em função de ganhar dinheiro para sobreviver, deixamos de lado o modo de vida à base da subsistência que promovia mais solidariedade entre os entes sociais. Afinal para que criar galinha no quintal, ter trabalho com isso, se no Paraense se encontra morto e despenado um frango que custa menos que uma galinha criada no quintal, consequência da produção em massa da indústria.

Não falo essas coisas para dizer que antes era bom e hoje é ruim, antes para mim apenas, pelo contrário a vida hoje é mais fácil com os produtos industrializados baratos e de consumo imediato, sem dar o mínimo trabalho, entrementes, em meu íntimo, nego essa realidade, talvez seja por isso que eu goste de plantar, talvez seja por isso que fiz questão de dizer por onde passei que a maniçoba das festas de fim de ano, fui eu quem fiz com folha de macaxeira que eu Sheila colhemos no quintal, moemos e cozinhamos (dá um trabalho danado querer dominar todo o processo produtivo da maniçoba que começa com o plantio da macaxeira). Ao final nos perguntamos se não era mais fácil ter comprado a dois reais o quilo já cozido de maniva na feira, a resposta é óbvia, porém a satisfação de termos feito nossa maniçoba desta forma foi incomensurável.

Talvez alguém possa achar bobagem eu postar sobre um jerimum gigante tirado do quintal da casa de uma amiga, eu mostrar os jerimuns,bananas, acerolas, macaxeiras, milhos, mamões que colho em minha casa de terreno 10x30. Talvez alguém possa achar bobagem eu sentir-me um privilegiado por ter um ninho de sabiá dentro de minha casa. Talvez até seja mesmo, porém considero estas postagens de sensibilidade tão sutil que o espírito mais embrutecido possa não compreender que são postagens sobre a mudança dos tempos, sobre um tempo que está ficando para trás. Vivemos a transição entre o ontem e o amanhã, a qual demarquei com a instalação do semáforo.

Estamos deixando de ser uma sociedade de subsistência e passando definitivamente a ser uma sociedade de consumo. Este processo vem se consolidando no Brasil desde a segunda metade do século XX e em Santa Izabel acentuou-se na primeira década do século XXI.