MINHA CASA

Minha casa é muito quente, a altura entre o telhado e o forro é pequena e sem circulação de ar o que cria uma estufa que mesmo à noite retém o ar quente esquentando por conseguinte a casa. Isso nos fez promover uma reforma na área de trás da casa onde não tem forro, antes era uma área de convivência, agora nós a transformamos em uma cozinha. É um lugar amplo e arejado.

Em princípio gostaríamos de fazer uma reforma simples para não gastar muito, compramos tábua macheada para fazer porta e janelas bem largas, tiramos as grades e as botamos. Depois de concluída esta etapa de fechar a área, ficou faltando o piso que era de cimento cru. Por conta da contenção de gastos, pensamos em fazer de cimento queimado, mas não sairia tão mais em conta como eu e Sheila imaginamos, daí aos poucos foi surgindo a ideia de fazer o piso de assoalho, o preço estava bom da tábua macheada, a ideia foi ganhando força e decidimos fazê-lo. Fomos atá a serraria Moema, com a ajuda do seu Reginaldo compramos as tábuas para o piso, não a que pensamos inicialmente que foi condenada por ele, acabamos comprando outra que era quase o dobro do preço, a ideia de gastar pouco foi para o espaço, porém o resultado final compensou os sobre gasto não previsto.

Queríamos apenas criar um espaço mais fresco para nossa casa e sem querer, aos poucos, acabamos recriando um ambiente típico das casas do interior amazônico, ribeirinhas. O assoalho de madeira, as janelas e porta com trancas, o vento intenso, a lua nascendo por de trás de pés de açaí. A sensação que tenho ao está neste ambiente é ancestral, lembra-me a casa antiga de vovó, com piso de tábua; as casas por onde andei em minha infância por conta do trabalho de meu pai de técnico agrícola da EMATER.

Como disse a Sheila, o resultado superou todas as espectativas criadas sobre a reforma, para ela que é do Borralhos, interior do Tauá, o ambiente ficou ainda mais significativo, eram assim as casas onde ela morou e conviveu com seus parentes lá no Borralhos.

Fizemos uma ampla janela acima da pia de lavar louças, bem ao fundo, no horizonte, todos os dias nasce a lua, é possível lavar louça e acompanhar a evolução da lua no céu, um privilégio digno de um rei que este simples plebeu pode desfrutar todos os dias.

O novo ambiente que criamos acabou surgindo de nosso inconsciente de caboclos amazônidas.